Cru
Enquanto durar serei guerreiro,
Serei metonímia,
Serei direito
Viverei apertado, sufocado.
Mas serei do terreiro
Do samba, do futebol.
Poderia ser o que quisesse,
Mas não quero nada.
E só não quero nada, porque quero tudo
Não de uma vez, não de vaidade
Mas acho que posso
Acho isso, acho aquilo,
acho, e no fundo nunca acho nada.
Só procuro, só desisto,
Só espero, só me nutro,
nunca digiro.
E minha vidinha de bar do Mike,
volta a ser como era,
Só que tiraram o cara daqui
Que fazia esse papel
E botaram alguém nu
Sem mascara e sem véu
E a língua pra contar a estória
De um velho corajoso
Que no baú da sua memória
Só guarda carne, sangue e osso.