Lamentações de um defunto

Naquela noite que entrei no cemitério

Vi um cadáver que caminhava solitário

Trazendo apenas um pano ordinário

sobre a carne podre de seu corpo esguio

Andava triste, aquele defunto visionário

A debater sozinho sobre o mistério

da origem e o efeito deletério

da cobiça como fator hereditário

Um mal inerente ao Homo sapiens, ele dizia

que nos leva a uma louca antropofagia

Tornando-nos mais primitivos que animais

Então me vi, naquele retrato de agonia

De um homem devorando seus iguais

Com o ventre abarrotado, sempre a querer mais

à Augusto dos Anjos

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 22/07/2008
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