AMOR ABSTRATO



Se eu fosse você nessa hora silente,
na sentida hora em que me declarei,
amor comovido, puro, inocente,
nasceria ao mundo, sem regra nem lei.


Se eu fosse você não veria indecente,
por ter na ousadia a nobreza de um rei,
entregue à paixão de um corpo “caliente”,
em sessão onde as cenas teriam “replay”.


Se você fosse eu só assim saberia,
que se eu fosse você em noite tão fria,
não seria abstrato o amor indiscreto.


Se eu fosse você e se você fosse eu,
se daria ao caso, que nunca se deu,
a doce ilusão de um caso concreto.

Ravatsky
Enviado por Ravatsky em 17/07/2008
Código do texto: T1084010