SOU MANHÃ DE DOMINGO
Pra mim és falsa, noite que estreleja
e respinga um jovem orvalho refletido
no teu riso arisco que sobeja
dos teu rúbeo crepúsculo esquecido.
Noite feia que enlambusa a tarde
sem as andorinhas nem crianças,
só traz o sono da virgem que se arde
em febre de sonhos e esperanças.
Por que é que desgrenhada assim, existes?
Deixa o dia alagar-se de manhã e de perfume,
do cheiro do arco-íris regaço dessa morena.
Esvai-te, noite, pelos becos tortos e tristes
de velas e de entes abismados no queixume;
Sou domingo, sou manhã; minha luz é plena!