Obsessão
OBSESSÃO
Quem me dera ser lenho musgo ou seixo
Impassível sem dor sem dependências
Do conturbado mundo ser o eixo
Erecto sem tremor sem turbulências
Quem me dera ser astro chuva ou vento
Ignorante de amor da sua ardência
Bastar-me o céu azul como alimento
Imune a esta fome sem clemência
Fosse eu um vegetal em apatia
Insensível à dor da solidão
Que decerto o amor não buscaria...
Fosse eu despida desta obsessão
Que jamais para ele eu correria
Fosse eu oca de sangue e coração!
(1º Prémio "Soneto" - Concurso Literário do Cenáculo
Marquesa de Valverde/ano de 1999)