Soneto do Cego de Nascença
Soneto do Cego de Nascença
Não preciso enxergar o colorido
Pra saber que o poeta vê no escuro
Pra entender que a grandeza de um ser puro
Aceita a grata luz de ter nascido
Não preciso enxergar os meus retratos
Pra saber que o passado está em meus dedos
Pra entender que minha alma e os meus segredos
Não precisam da luz; em mim estão os fatos,
Mas queria ter os braços mais compridos
Pra projetar-me em toda a natureza
E descansar em glória os meus sentidos,
E queria ter na palma um coração
Pra conseguir amar mais a beleza
Que alguém que a vê, mas nunca a pôs na mão...