POÉTICA ROMÂNTICA

Em meio à densa névoa tão soturna

de meus sonhos, ela surge fulgurante

depois some. E minha alma taciturna

- já em prantos - novamente agonizante

perambula pelos cantos e reclama

um olhar, um gesto, um toque, uma fagulha

que lhe escape por descuido. Mas a dama,

novamente com desdém, meu sonho entulha

num galpão de prantos e ilusões... (patético!)

“É um saco acorrentar este soneto

a um lirismo há tanto tempo sepultado!

mas o amor decide e impõe sua poética,

seu estilo, sua métrica... E o poeta?

É apenas uma escravo bem-mandado?”.

HENRIQUE, Jorge. Mutante in Sanidade. Cadernos Cultart de Cultura. Aracaju: UFS-PROEX-CULTART. Novembro, 2001. p. 39.

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