ABANDONO
Aquela que pusestes em um trono
Fez as malas, partiu sem despedida
Agora em desespero, alma ferida,
Vegetas; não tens fome, não tens sono.
Poeta, tu não eras o seu dono
Não tenhas por cruel essa partida
Esquece a folha branca, esse abandono
E vai tomar um ar, curtir a vida.
Pois se assim te fugiu a inspiração
Não a persigas, deixa-a ir em paz
Finge até que isso pouco ou nada importa
Inesperadamente então verás
-Ferida em seu orgulho, pés no chão-
De novo ela bater à tua porta.