CALOR  PROFUNDO

 

Velam-se as sobras: o espaço morto na tela

Vem nessa estática função, ditam o assunto

A encaixar-se entre os pés derretidos das velas,

Faz pensar da superfície: é ou será o conjunto

 

Dos escorridos fios sebáceos, derretidos

Ao silêncio dos culpados, velhos presuntos

Sem formol, bálsamos, buscam fazer o vivo...

E apodrecem sem dignidade de defunto.

 

Sobra de parafina, raspas utilizadas

Centenas de vezes, ao certo há de se ver

Chegado um dia em que a lava caída é memória...

Raro corpo à alma inflama, tudo aí se evapora :

 

Não terá onde espalmar-se e enrijecer; guardada,

A alma que ama aquece à sua volta o fenecer.

 

 


José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 02/07/2008
Reeditado em 03/07/2008
Código do texto: T1061051
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