LIVRO DAS HORAS


O outono já voltou. De Vésper, às completas,
cintila já uma luz no vasto escuro, ao passo
que a noite, protetora, acolhe num abraço,
abrigo encantador das obras insurretas.

À terça, à sexta, à nona, ouvir a homilia,
ao frágil coração, dita os sagrados hinos.
Fiz votos de louvor e aceitação divinos,
meu elevado amor, que a mim reconcilia.

Horas em sucessão, quais contas peroladas,
passam por minhas mãos, desde o primeiro raio
da aurora que as transforma em verdes esmeraldas.

A veste faiscante, a chama, o alvorar
e o Salmo que ressoa, das matinas às laudas
correm da fonte ao rio, sem nunca desviar.

Luce Bühler - Péclard
e-mail: dieter-o-buhler@bluewin.ch
Livre d'heures, Editions du Madrier, 2001

Tradução de Nilza Aparecida Hoehne Rigo


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