Alter-ego poético

Herculano Alencar

—Não me agrada a tua poesia.

Falou-me o poeta que há em mim.

—A tua pieguice não tem fim,

se eu fosse tu, jamais escreveria.

Falou... falou de mim, mas não sabia

que eu, por ser o sócio do seu ego,

podia enxergar com o olho cego

e ver a sua inveja em agonia.

Então continuei, por teimosia,

a rascunhar a vã caligrafia,

sem que ao alter-ego desse ouvido.

E creio agora que, neste momento,

quando me veio um verso ao pensamento,

ter alter-ego já não faz sentido.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 27/01/2006
Reeditado em 01/09/2012
Código do texto: T104741
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