VENDAVAL

Abate-me, às vezes, um cansaço
Ao ver-me solitário no caminho,
O horizonte à frente e lento o passo
A cabeça pesada - em desalinho...

Um grande esgotamento - um grande amasso,
Na alma - em frangalhos - triste espinho -,
Um vendaval que vem - um embaraço
De como embriagado só com vinho...

Então um desespero e uma amargura
Olhando tanta falta de ternura
E os seres são raposas e hienas...

Virão dias melhores - bem sei disso -,
Até parece, às vezes, tão difícil,
Vendo medíocres d'almas tão pequenas...
Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 22/06/2008
Código do texto: T1046621
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