A COBRA E O GATURAMO


Silêncio! Nada escuto na floresta:
quase no mesmo instante tudo cala
e o sol abrasador somente cresta
arbustos da clareira, a mata rala.

Há pouco pelo ar havia a festa
do canto que ecoava em outra ala,
mas algo estala e deixa uma funesta,
estranha confusão... E algo resvala.

Num ramo, enrodilhada, está a serpente,
com lentos movimentos segue a presa,
e a custo é que me calo e não exclamo.

Contenho a voz, decerto inutilmente,
não mais há meios de escapar:  ilesa,
a cobra faz calar o gaturamo.


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