Pobre Naciso!
Não há poesia em nada no universo,
Ela mora dentro do peito aflito
Do narciso, frente a si e o seu verso
Maturando lentamente num grito.
Para viver o poeta mendiga poesia
Mima verbos de sua melhor lavra,
Troca insone muitas noites por um dia
Peneira sentimentos em cada palavra.
Morre o narciso poeta em cada rima
Dispnéico de amor engasgado,
Vendo no espelho a pouca estima
Impressa no próprio olhar esgazeado.
Emoldurado pela luz da eterna saudade
Busca o bardo o doce prêmio da felicidade.