A TARDE SOU EU




Ao desmaiar de um sol aurifulgente,
partilhamos um idêntico fim;
minh’alma triste se funde ao poente
e cai as trevas na tarde, e sobre mim.


Nesse conúbio fugaz e infrequente,
saltamos juntos em um trampolim,
pra lá do mundo banal, cognoscente,
tornando infinito esse Ínterim.


Profundamente imersos no não ser,
eu sou a tarde que finda, a esmaecer,
enquanto a tarde a fenecer sou eu.


E nesse eterno enlevo de um instante,
fomos, a tarde e eu, tão semelhantes,
que minha alma também anoiteceu.


Ravatsky
Enviado por Ravatsky em 11/06/2008
Código do texto: T1029235