REFLEXOS

Dos cantos onde esteve emaranhado,
meu verso se livrou. Isso é passado.
Um pessegueiro solta as flores róseas!
Por entre os galhos, ora abertos, cose-as

atônita, a formosa borboleta...
Enquanto um tico-tico faz pirueta,
a cada vez que soa um canto triste,
mais luz banha o pomar. E o som consiste

dos ecos que sobraram, dos ruídos
ausentes... Dos lamentos não retidos.
O certo é que me vejo nesse espelho

com ares de feliz. Mas não semelho
um brilho de cristal. Rastro hialino
ao longe, o meu reflexo é pequenino.

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