MEANDROS
Ausculta-me, atento no som de minhas veias,
um nobre desconhecido, que me diz: Já era...
Mas é a mão do destino, tecendo suas teias,
num olhar impassível, ao fim, quem delibera:
- Persiste ainda, amigo! A dor que tu pranteias...
Colherás o fruto insípido da quimera!
Hás de compor um poema na luz da lua cheia,
em versos onde a mágoa, apenas, persevera.
Decido aprofundar em mim os sentimentos,
mas sendo vão se pensar, vão-se os momentos
na fluidez de um tempo... Verdadeiro rio.
E depois de ter sido um mero e triste engano,
que eu possa amenizar a dor de tantos anos,
na palidez de um sono... Derradeiro e frio.
Ravatsky