NAUFRÁGIO

Eu sou um barco frágil e leviano

Que navega triste no mar da lida,

Sofrendo no vaivém do cotidiano,

Naufragando na solidão da vida.

Eu sou uma nau velha e perdida

Que vaga nas ondas do desengano,

Morrendo nas profundezas do oceano

De uma casa vazia, feia e esquecida.

No meu céu não há viva natureza,

Não há estrelas cintilantes nem luar,

Não há esperança nem grandeza.

Há sim, saudade, lembrança e penar,

Há a falta de alguém de rara beleza

Que um dia se foi e não quer voltar.