(com as mesmas consoantes)
Soneto
Um mancebo no jogo se descora,
Outro bêbedo passa noite e dia,
Um tolo pela valsa viveria,
Um passeia a cavalo, outro namora.
Um outro que uma sina má devora
Faz das vidas alheias zombaria,
Outro toma rapé, um outro espia...
Quantos moços perdidos vejo agora!
Oh! não proíbam, pois, no meu retiro
Do pensamento ao merencório luto
A fumaça gentil por que suspiro.
Numa fumaça o canto d'alma escuto...
Um aroma balsâmico respiro,
Oh! deixai-me fumar o meu charuto!
(Álvares de Azevedo)
Indigesto
Num carro do ano, um besta se de(s)cora,
Outro, já nosferatu, nem vê o dia,
Um, morto, em cabarés, (re)viveria,
Num forró, (en)laça dez o que namora!
D'outro a malhação, né? a visão devora
(Enquanto faço dele zombaria),
Outro, a foder(-se), um bom vizinho espia...
E em casos de polícia, avisto-o agora.
Ó Pai, nem sei por que não me retiro!
Talvez, Mãe, por haver deixado o luto
Já feito por romântico suspiro.
Mas se a politicage(m), surdo, escuto,
Às negras-Níveas-nuvens que respiro,
Por que não fumar lá em Cuba (um charuto)?
a 20-04-08