Tempo
 
Escorre pelos dedos, luz do dia,
E a vida vai passando com meiguice.
No seio pleno e farto de alegria,
Da aurora adormece a meninice.
 
E quem viveu somente a formosura,
E achou que duraria a eternidade.
Morreu ante o reflexo da figura,
Exposta neste espelho da verdade.
 
O tempo dá aos anos cortesia,
Mas, há quem se aprume na tolice,
Pro tempo perde a conta em corbadia!
 
E tudo é loucura, é sandice,
É triste padecer que além judia,
Quando chega e se instala a caduquice.