CÁRCERE-PRIVADO (Soneto)

Nesta minha ilusão de liberdade,

Eu fico a vigiar e a ver o mundo,

Do alto da janela num segundo,

Por detrás dos biombos e das grades,

Que protegem e dão privacidade,

Ao meu parco existir, pouco profundo.

Enquanto nas ruelas da cidade,

Desfilam vários clãs de vagabundos.

Mesclados aos passantes apressados,

Que vão e vêm - semblantes estressados -

No eterno lufa-lufa da jornada,

Diviso criminosos nas calçadas ,

E aqui neste meu cárcere-privado,

Sou livre para olhar, morrer, mais nada....

EMILIO CARLOS ALVES
Enviado por EMILIO CARLOS ALVES em 20/01/2006
Reeditado em 04/01/2007
Código do texto: T101166