CÁRCERE-PRIVADO (Soneto)
Nesta minha ilusão de liberdade,
Eu fico a vigiar e a ver o mundo,
Do alto da janela num segundo,
Por detrás dos biombos e das grades,
Que protegem e dão privacidade,
Ao meu parco existir, pouco profundo.
Enquanto nas ruelas da cidade,
Desfilam vários clãs de vagabundos.
Mesclados aos passantes apressados,
Que vão e vêm - semblantes estressados -
No eterno lufa-lufa da jornada,
Diviso criminosos nas calçadas ,
E aqui neste meu cárcere-privado,
Sou livre para olhar, morrer, mais nada....