QUEDA E QUERER

Neste dia imóvel, sereno, apático,

Sinto em mim ventos tangendo revolta,

A lucidez que não quero fere-me, maligna,

Trazida nos uivos da demência à solta.

Fechem-me em masmorras, quero o degredo!

Tão só retalhar os limbos desta dor!

Parti-la em pedaços, servi-la em porções,

Que sorvo em tisana, fel depurador!

Não quero ser forte, nem vergar-me ao vento,

Quero quebrar pela base, ser pisada por chuvas,

Que trazem espadas que eu possa tomar

E empunhá-las, de pé, num salto ferino,

E com força de louca, sem máscara ou luvas,

Enfrentar a sanidade que é o meu tormento!