O sonho

Apaixonei-me por um pássaro sendo um peixe. Dos claros e calmos dias via a ave passar, sobrevoando a minha poça turva, me desejava. Seduzia-me com seu arsenal de cores, me enfeitiçava com seu canto e eu caia em desejo. E quando partia me sorria por dentro a certeza de sua presença no sol seguinte. Dos meus dias me fiz ali, quando a luz nascia já começava a ser feliz. Mas era longe, inalcançável, a distância odiei. O pássaro era minha alegria, até nunca mais voltar. Mas se tens alguém que sonha por nós que se apresente? Por que na lógica se permanecermos no lugar o sonho se vai. A chuva chegou e elevou as águas da minha prisão, e eu pude encontrar outros sonhos. E da janela da minha alma pude enxergar as mais coloridas e sedutoras “estrelas” que me beijavam quando a lua em sua mais perfeita forma se estendia no céu. E mais feliz do que ter a certeza que elas voltariam no dia seguinte era a certeza que elas não partiriam.