TRANSFORMAÇÕES

. O Brasil tinha em 1997, nada menos do que cinquenta e quatro milhões de pobres, ou trinta e quatro por cento dos habitantes do país. Isso é quase a população da Itália. Desses cinqüenta e quatro milhões, cerca de vinte e quatro milhões viviam abaixo da linha de indigência, o correspondente a uma Venezuela. Isso quer dizer que consumiam menos alimentos do que a Organização Mundial de Saúde considera a quantidade mínima para um ser humano viver bem. Ao mesmo tempo, os dez por cento mais ricos da população ficam com quase metade de tudo o que é produzido no país, o que coloca o Brasil na posição de líder mundial de desigualdade na maioria das comparações internacionais. A metade mais pobre da população ganha menos do que o um por cento, mais rico. O debate sobre a pobreza mistura ignorância, demagogia e miopia. E esconde o essencial: Há poucos recursos para os pobres porque ninguém quer abrir mão de velhos privilégios, nem mesmo aqueles que clamam por justiça social.