AQUILES ARISTEU ( O BARÃO TIRANO )

Há muitos anos atrás

Tinha um grande fazendeiro

O mais rico de uma região

Que só pensava em dinheiro

Aquiles era o seu nome

E Aquilina, sua mulher

Da Fazenda Aquinea

Cultivadora de café

No século XVI

Gente rica era rei

Aquiles trabalhou

E seu patrimônio fez

Mas foi tanta a vaidade

Que Ele até mandou fazer

Um busto seu, de ouro

Para ainda mais aparecer

Aquiles Aristeu

Tinha título de Barão

Só que não valia nada

Pois era ruim que nem o cão

A Baronesa Aquilina

De tamanha formosura

Tinha a sua beleza

Registrada em pintura

Mas dava para perceber

Que vivia oprimida

Pois viver com aquele homem

Fala sério! Não era vida

Dono de uma grande fazenda

Com um lindo casarão

De mais de cem famílias

Barão Aquiles era patrão

Na verdade o Senhor Aquiles

Tinha súdito, não empregado

Que pra ele trabalhava

E não juntava um dobrado

Isso é uma expressão

Mas não fique animado

Pois o povo da fazenda

Mais vivia escravizado

Trabalhava... Trabalhava...

Pra ganhar alguns dobrados

E ainda tinha que pagar

Impostos de agregados

A ruindade do Barão

Era algo assustador

Por ter um coração tão duro

Desumano e sem amor

Empregados do casarão

Também passava humilhação

Porque Barão Aquiles

Era um homem sem noção

E nada para ele

Nunca estava bom

"A pura ruindade"

Esse era o seu dom

A fazenda Aquinea

Era aterrorizante

Além disso a Cidade

Mais próxima ser distante

E ainda sem falar

Não se tinha opção

Outro lugar para viver

E trabalhar não tinha não

A vida era muito dura

Fácil!? Era não!!!

Era difícil de arrumar

Naquela época um bom patrão

Pois mão de obra naquele tempo

Era à base da escravidão

Não precisa nem falar

Que não dava nem para escolher

O trabalho que pintasse

Se fazia com prazer

Para pagar as contas em dias

E ter algo pra comer

A lavoura da fazenda

Era a base de irrigação

Já para os pobres empregados

Faltava água, leite e pão

O imposto ali cobrado

Era de preço elevado

Depois de pagar tudo

Só sobrava uns dobrados

Então a comida deles

Isso sim era regado

Pois passavam até fome

Se comesse exagerado

Para quem ali vivia

Água só quando chovia

Pois Aquiles não deixava

Pegar água todo dia

No poço da fazenda

Tinha água de montão

Mas pros morador de lá

Barão Aquiles, dava não!

Ele cobrava uma quantia

Para quem água ia pegar

E ainda ameaçava

Quem se atrevesse a reclamar

A ruindade do Barão

Com os dias só aumentou

E o preço que cobrava

Pela água ele dobrou

"Aristeu o trambiquero,

Água pra ele, era dinheiro"

O povo de Aquinea

Logo entrou em desespero!!!

O medo de seus agregados

Eram ser expulsos de lá

Pois se de lá eles saíssem

Não iam ter onde morar

Por isso todos eles

Tinham que as ordens acatar

O povo cansado daquilo

Um dia se rebelou

Resolveu tirar a lindo

E enfim dele reclamou

Bravo Aquiles Aristeu

Aquele povo castigou

Rasionando água e pão

Fez aquela confusão

Espalhou calamidade

Deixando o povo sem ação

Ele fechou o poço

E mandou a todos falar

Que quem quisesse beber água

Muito caro ia pegar

Uma viúva da fazenda

Pelo nome de Inocência

Que até passava fome

Não tinha como lhe pagar

Por seus filhos ser pequenos

Não podia trabalhar

Porque as suas crianças

Não tinha ninguém para olhar

Sendo viúva e sozinha

Ninguém tinha pra lhe ajudar

Um dia Inocência

Foi ao poço água buscar

Para fazer a comida

E sua família alimentar

Mas quando no poço chegou

Inocência se assustou

Pois na beira daquele poço

Tinha até um cobrador

Junto de três seguranças

Que a água lhe cobrou

Já tinha perdido o marido

Sem saber o que fazer

Olhou para os quatro cantos

Sem ninguém pra lhe valer

Inocência? Ela chorou...

A viúva quis morrer!

Inocência indignada

O Barão foi procurar

E perguntou porque a água

Ele estava a cobrar

E se quando ele morresse

No caixão a ia levar?

E ele lhe disse que sim:

"Levaria sua água no caixão"

Disse que o poço era dele

E não tinha obrigação

De dá água pra ninguém

Nem um copo! Dava não!

Água dele só pagando

"Sem pagar não tinha mais não!"

Disse que de graça ele não tinha

Água para dar a ninguém

"Que nada ele podia fazer"

Para quem dinheiro não tem!

E Aquiles muito valente

Anunciou pra toda gente

Que quem achasse ruim

Da sua fazenda podia sair

Mas quem ficasse por ali

A boca teria que fechar

Porque o próximo a reclamar

Muito caro ia pagar

Pois ele além de dá um corsa

Também a língua ia cortar

A viúva Inocência

O Barão amaldiçoou

E ele muito arrogante

Se quer se importou!!!

O Barão Aquiles

Sem pensar na consequência

Abriu a sua boca

Para ainda mais afrontar Inocência

E assim exclamou:

Fazenda Aquinea...

Quando eu morre

Prestem bem atenção!

De água até a tampa

É para encher o meu caixão

Já que a água é minha

Eu a levo pra baixo do chão

E ainda acrescentou:

Quando eu morre

Só vou ser enterrado

Quando o meu caixão encher

E até ter derramado

É pra deixar água escorrer!!!

Então de água até a tampa

Tratem de encher

Quero o túmulo bem encharcado

E ah de quem não obedecer

Aqui quem manda sou eu

É assim que tem que ser

Inocência chateada

Não lhe disse foi mais nada

Foi embora pra sua casa

Se sentindo humilhada

E rogando por justiça

Pelo fim da ditadura

Desejou que o castigo

Caísse sobre o casarão

"Que morresse entalado"

Foi a sua maldição

Desejou com toda força

Ver a queda do Barão

Então um dia insolarado

O Aquiles azarrado

Engasgou enquanto comia

E por mais que água bebia

A comida não descia

E quando ele desengasgou

Com um copo de água se afogou

E com um entalo atrás do outro

O Barão não aguentou

E morreu bebendo água

"Justo o que tanto negou"

E não acabou por aí

O pior está a vim

Como ele ordenou

O povo na hora já lembrou

E como os tinha ordenado

Seu enterro programou

Mas foi uma confusão

Para poder encher o caixão

De água até a tampa

Para enfim descer ao chão

A Baronesa coitadinha

Uma mulher até boazinha

Ficou muito entristecida

Pois em toda sua vida

O Barão obedeceu

E naquela situação

Ela sem o seu Barão

Se sentindo acuada

Em meio aquela confusão

Os empregados da fazenda

Começaram a tremer

Com aquela situação

Não sabiam o que fazer

A única certeza que tinham

É que tinham que obedecer

Pois Aquiles era tão ruim

Que prometeu à todos assombrar

Se ele descesse ao chão

Sem tá cheio de água o seu caixão

Então os empregados

Começou a preparação

Para logo mais velar

O corpo do Senhor Barão

Mas como o desejo do homem

Era de encher o caixão

Com água até a boca

Isso deu um trabalhão

Pois eles até tentavam

Mas caia tudo no chão

Foi aquele reboliço

Chamaram eles sem juízo

Mas o que podiam fazer!

Era só obedecer

Depois de três dias

Tentando o caixão encher

Um dos empregados

Uma ideia veio a ter

Um caixão de metal

Pro Barão ia fazer

Pois só um caixão de metal

Água dentro ia manter

Então saiu a procura

Do ferreiro de plantão

Que morava numa instância

Há um dia de distância

Para lhe fazer urgente

Um caixão todo de metal

Coisa que naquela época

Era algo anormal

O ferreiro organizado

Começou o caixão fazer

E naquele mesmo dia

Só que demorou dois dias

Então por fim terminou...

Aquela estranha mercadoria

E seu retorno a Aquinea

Demorou mais um dia

Ao chegar na fazenda o caixão

Um empregado exclamou

O Barão só quer água

Ele não nos pediu flor

Então vamos respeitar

E encher o seu caixão

Até a boca de água

Flores não vamos pô não

A Senhora Baronesa

Juntamente concordou

Pois também queria cumprir

O desejo do seu amor

E ajudou encher o caixão

"Encher até derramar"

E com os amigos do Barão

O corpo dele foi velar

Mas já era o sétimo dia

E logo teve que enterrar

"Aquiles o Barão

Que tanta água negou

Depois de morto no caixão

Para sempre se afogou"

Ao voltar do enterro

A Baronesa desesperou

Se encheu de desgosto

Por perder o seu amor

E já era o dia oito

Quando uma missa celebrou

E sua consciência

Acredite já pesou

Então procurou Inocência

E a ela se desculpou

Pediu perdão pelo mal

Que o Barão a causou

E para sua alegria

Inocência a perdoo

A Baronesa perdoada

Aos empregados ordenou

Liberar água do poço

Para com a sede acabar

Aquinea sem sua água

Nunca mais ia ficar

Também passou o seu título

Para a pobre Inocência

Que virou uma Baronesa

Mulher de grande presença

Também de tamanha beleza

Garra, força e decência

Depois do seu comunicado

Deu um grito engasgado

E morreu Aquilina

Com os olhos arregalados

Enterraro Aquilina

A viúva do Barão

Numa cova do seu lado

E eternizou a união

Acabou a tirania

A ruindade acabou

O povo ficou muito triste

Mas logo, logo conformou

Porque estavam livres

De viver o tal terror

Inocência, Baronesa

Casou-se com outro Barão

Senhor de terras distantes

E foi viver no casarão

Seus filhos também casaram

E o sofrimento ficou pra trás

Inocência foi feliz

E seu povo ainda mais

A Baronesa Inocência

Foi para todos o maior bem

Toda a Fazenda Aquinea

Ficou de parabéns

A Fazenda Aquinea

Se tornou uma Cidade

Aquinea do Sul

Terra da fecundidade

Séculos se passaram

E inocência é lembrada

Pela paz em Aquinea

Ela tê-lá restaurado

Aquinea até hoje

É muito boa de se morar

Pra quem quer tranquilidade

Aquinea é o lugar

As pessoas são amigas

O clima é bem legal

Saiba que em Aquinea

Ser feliz é normal

Depois do que aconteceu

Nos séculos que passou

Junto com Barão Aquiles

A tristeza se enterrou

Essa foi a história

De Aquiles Aristeu

"O Barão Tirano"

De Aquinea do Sul

A Fazenda de café

De trigo e azeite

Terra fértil de verdade

Da que mana mel e leite.

Leidiana S Silva
Enviado por Leidiana S Silva em 23/02/2016
Código do texto: T5552518
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