Réquien à Caldeirão do Inferno
Rondel
Já não chove tanto aqui
Já não brilha meu verão
Já não vejo o que já vi
Já nem flora a plantação
Já não ouço o bem-te-vi
Já não colho meu feijão
Já não chove tanto aqui
Já não brilha meu verão
Já não tem o tambaqui,
Já não arde meu fogão
Já não chega o quati
Já nem existe a Caldeirão,
Já não chove tanto aqui.
Rondel:
Modalidade de poemas de origem francesa. Veja mais em Connsiderações Sobre Rondel
Caldeirão do Inferno:
Como era conhecido o local onde havia uma estação de abastecimento de água e lenha às locomotivas da EFMM. Em seu entorno se formou um pequeno vilarejo, distando 110 Km da sede do gigantesco município de Porto Velho. A denominação referia-se à cachoeira de mesmo nome. No local. hoje, existe a UHE de Jirau.
Reminiscências:
Naquele pequeno vilarejo, em agosto de 1958, minha querida maezinha achou por bem dar a luz a este ser que vos fala. Infeliizmente, quando a ferrovia EFMM foi desativada a vila também sucumbiu. Quarenta anos depois tentei rever o meu "torrão natal" mas nada mais ali havia a não ser uma propriedade rural. Ainda visualizei os resquícios dos trilhos enferrujados e , ainda de pé uma placa com um número: 110. Pareciam dizer:Só restamos nós". Eu sequer fotografei aquela que seria a última lembrança "viva" daquele lugar. Ela já não está mais lá!
Ilustração:
Fragmento da imagem do local onde fora Caldeirão do Inferno, fornecida pelo Google Maps, atualizda em 2022.
Reedições:
29/06/2022: Formatação avançada e inclusão de ilustração.