Minha Roseira Preciosa
Minha roseira preciosa
Já não quer a primavera
Da luz que outrora vestia
Resta a pálida nostalgia
Minha roseira preciosa
Quanta vida possuía
Tanto perfume exalava
No jardim que a abrigava
Minha roseira preciosa
Floresceu muitos janeiros
Perfumou tantos canteiros
Orvalhada de ternura
Minha roseira preciosa
Parecia ser eterna
Tanto amor partilhava
Na felicidade dos dias
Minha roseira preciosa
Na santa sombra acolhia
A todos que a buscavam
Nos momentos de agonia
Minha roseira preciosa
Jamais possuiu espinhos
Aspergia nos canteiros
A essência dos carinhos
Minha roseira preciosa
Suportou tantos outonos
E nem mesmo no abandono
Deixava de florescer
Minha roseira preciosa
Trouxe ao mundo três rosas
Das quais cuidou com amor
No aconchego de teu calor
Minha roseira preciosa
Mesmo entre as pedras frias
Jamais desistiu da alegria
Fez com a paz sintonia
Minha roseira preciosa
Sem que as rosas percebessem
Aos poucos perdeu as folhas
E a vontade de sorrir
Minha roseira preciosa
Precisa da seiva alheia
Para viva se manter
Nas agruras do existir
Minha roseira preciosa
Experimenta o outono
Prolongado entediante
No jardim da realidade
Minha roseira preciosa
Hoje abriga poucas folhas
O quase nada do riso
Nos amanhãs indecisos
Minha roseira preciosa
Carece de nutrientes
Medicamentos potentes
Para viçosa manter-se
Minha roseira preciosa
Hoje vive acanhada
Sob as folhas do tempo
Despida de encantamento
Minha roseira preciosa
Cuidada pelas três rosas
Acomodou-se no silêncio
E pensar que era tão prosa
Minha roseira preciosa
Desaprendeu a sorrir
Distante e indiferente
Não se mostra contente
Minha roseira preciosa
Quanta dor minh’alma sente
De ver-te assim nesta lida
Luta inglória pela vida
Minha roseira preciosa
Em preces peço a Deus
O bálsamo pra tua dor
Minha roseira de amor!
A efemeridade do tempo
Arrasta a vida sem prosa
Como apressado arrasta
A minha roseira preciosa
(Ana Stoppa)