Bodas de giz
Era brilhante o ideal
Que palpitava em mim:
Ser professora e afinal,
Cheguei a tão nobre fim.
Naqueles belos rostinhos
Havia grande ansiedade.
Percebi que seus olhinhos
Pediam luz e verdade.
Fiz dali a minha vida...
O meu lar... Minha ribalta...
E naquela dura lida
Fui constante, assaz peralta.
Edifiquei, pois, de amor,
A minha escola querida,
Empenhando-me com ardor
Nessa batalha renhida.
Ao ensino, dediquei
As horas mais preciosas.
Como retorno, encontrei
Mais espinhos do que rosas.
Já são vinte e cinco aninhos
De trabalho e de dever.
Os meus cabelos? Branquinhos!...
Do pó de giz a valer.
É fechado ciclo inteiro
De perfeita doação.
Termino sem ter dinheiro,
Nem troféu, nem promoção.
Mas graças ao meu bom Deus
Cumpri a nobre missão.
Espero que lá nos céus
Receba meu galardão.
***
Maria de Jesus. Fortaleza-ce. 15/10/2011.