BOBO
Ah, como é bobo o coração apaixonado!
Tenta reter a hora que pinga na espera vã.
Não sabe que o tempo é corcel aficionado
e corre célere ao sabor de seu afã.
Ingenuamente, aspira a luz do amanhã,
barganha sobras de um hoje engalanado.
Ah, como é bobo o coração apaixonado!
Tenta reter a hora que pinga na espera vã.
Tivesse tino, fizesse um juízo explanado
Deixar-se-ia escoar como o orvalho na manhã
evaporando-se nos feixes do mato capinado
sabendo que a noite vem e a espera é vã.
Ah, como é bobo o coração apaixonado!