Versos na noite
Sorvo versos, em demasia, no calar da noite
Sem perceber que então escureço minh' alma
Até a leve fantasia, pesa nos ombros em açoite
Falta-me o sono e só tua presença me acalma.
Não vens e a madrugada não tarda, pernoite
Cedo se faz, versejo mais e mais. Sem viv’alma
Sorvo versos, em demasia, no calar da noite
Sem perceber que então escureço minh' alma
A poesia estrangula e libidinosa é acoite
A dor é companhia. Heresia falar em paz e calma
Até o poema se transforma, a dor é afoite
Deixando meu pranto estéril. A saudade espalma
Sorvo versos, em demasia, no calar da noite.
Fatima Mota/ Eritania Brunoro