CHUVA

“Só, incessante, o som da flauta chora...”
(Camilo Pessanha)

A chuva cai, não pára e já faz hora;
pinga das folhas, lenta mas constante...
Ao longe o som de uma flauta que chora;
chora a saudade, o som que envia adiante.

Quem diz de amores? Já foram embora!
Se a tarde guarda a voz de algum amante,
a chuva cai, não pára e já faz hora;
pinga das folhas, lenta, mas constante,

tão insistente... Por que assim demora
o sol no céu, distante do levante?
Para aquecer alguma ave canora
que busca o ninho... Não muito distante,

a chuva cai, não pára e já faz hora...