LAMENTO

Eu sou como o solitário sabiá

Que canta no galho da laranjeira.

Seu canto é triste e faz chorar,

Penetra como flecha verdadeira.

Quem ouve a sua cantiga inteira

Não imagina tanto o seu penar.

Eu sou como o solitário sabiá

Que canta no galho da laranjeira.

Sem lar nem ninguém para amar

Vive nos galhos como ave forasteira.

Só a saudade alimenta seu cantar,

Só a lembrança é cruel e traiçoeira.

Eu sou como o solitário sabiá...