Quando ceiam os cardeais
QUANDO CEIAM OS CARDEAIS
Miguel Carqueija
Resenha da peça teatral “A ceia dos cardeais”, de Júlio Dantas. Livraria Clássica Editora, Lisboa, Portugal, 43ª edição, 1954.
Esta peça teatral, assinada por um célebre teatrólogo português, é tão famosa que seu título passou para o imaginário popular, significando uma reunião de personagens mais ou menos corruptos ou mal intencionados.
Numa sala do Vaticano três cardeais ceiam, servidos por criados de joelhos (?). A ceia tem faisão, inclusive. A ideia é de um luxo pouco compatível com a virtude da humildade. É verdade que os tempos mudaram. A peça em questão estreou em Portugal no dia 24 de março de 1902 e alcançou muitos outros países. Há uma dedicatória do autor “à memória do grande poeta, Conde de Monsaraz”.
A ação se passa no século 18, durante o pontificado de Bento XIV. Enquanto se servem, os cardeais Gonzaga de Castro (português), Rufo (espanhol) e Montmorency (francês) travam uma conversa bem pouco episcopal e acabam por relembrar seus amores da juventude.
Embora “A ceia dos cardeais”, que tem apenas um ato, seja um clássico do teatro português, a mim pareceu muito sem graça. No opúsculo vêm relacionados 25 títulos de Júlio Dantas, inclusive “A Severa”, romance sobre a fadista do século 19.
Júlio Dantas (1876-1962) foi também médico e sua obra literária é vasta.
Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024.