A PROFESSORA E O TABARÉU
A PROFESSORA E O TABARÉU
: Autor Jorge Galdino: Humor Cultura e Educação.
Desconhecidos se encontraram
Começaram dialogar
Entre esses uma pedagoga
Que acabava de se formar
Graduada em filosofia
Mas nas férias preferia
Fazendas pra descansar.
Curtir bem a natureza,
Era o seu objetivo.
No lugar onde nasceu
Seria um grande motivo.
Nesse dia ao chegar
Foi logo se deparar
Com um senhor bem divertido
Ele estava num bate papo
Com alguns dos seus amigos,
Mas esse não o conhecia
Era um tabaréu destemido
Com sotaque diferente,
Demonstrando-se decente
E muito descontraído
Ela cumprimentou um a um
Com aquela educação,
O tabaréu era o último
E ela estendeu a mão
E disse para o homem:
P- Oi!
T- Vige Maria o qui foi moça
Tava boa até neistante?
P- Estou bem sim senhor!
T- E purquê falou assim oi?
Dueu em argum lugar
Ou veio currida do boi?
P- Não! Falei com delicadeza
O sr. pode ter certeza:
É que estava depois
T- Varmicê não falou cum o Sinhor!
Sei que tá no mei da gente
Mas varmicê não tá vendo,
É varmicê que tá na minha frente!
Cuma eu respondo agora?
P- Olá, como vai, oi senhora!
Assim delicadamente.
T- Ah! Uma vez sem querê
Pisei no pé duma muié
Ela disse oi, meu irmão!
O marido dela nem perguntou o qui foi,
Picou lá mão no meu ôi
Sair do lugar de ré.
-kkkkk
P- o senhor é bem legal!
T- Legal é meu boi de carro
qui me dar o fejão e o sal.
P- Está bem:
Como se chama?
T- É o zouto que me chama
Sou conhecido pur Boge
“Falando sério”
P - Ah sim Borges!
Eu vou falar pra você as letras do seu nome...
-B o r g e s, assim que deve escrever.
T - Não! Meu nome não tem r
Purquê o meu pai tirou e botou no meu irmão.
P - E como é o nome do seu irmão?
T - Roque, mas ele não gosta.
P - Não gosta por quê?
T - é qui toda vez que ele tosse chama ele e despôi cospe
-kkkkk (plateia)
P - Como assim?
T - Roqui, roqui thu.
Aí meu irmão pensa que ele parece catarro de tão amarelo qui é, aí ele fica retado.
T- E seu nome dona?
P - Eliane, mas me chamam de Ane.
T - É mais mió pra falar, quando nada agente só abre a boca uma vez. Ane.
P- Onde o senhor mora?
T- No céu.
P- Ah entendi: onde você mora?
T- Lá em casa.
P- O lugar que fica sua casa?
T- No chão, perto dum bucado de coqueiro na beira da estrada qui vai pra Munsaê
T - E varmicê?
P - Eu moro em Sapucaia interior de São Paulo.
T -Vige! O povo qui mora lá quando vê um sapo manda ele caí?
Lá tem água pra todo lado?
Purquê sapo não é besta só cai nágua
Kkkkkk (plateia)
P - não Borges! Sapucaia é o nome da cidade.
P- qual sua profissão?
O que você faz atualmente,
T – Ah eu mexo cum boi, cavalo, munto in burro brabo, crio umas oveinha qui tiro leite pra dá o muleque.
P- E sua esposa o que faz?
T- Farinha, fubá de mio, farofa cum carne frita e faz fuá quando eu chego cumendo água.
P- Sim, mas você não faz nada com ela.
T - Não! Purquê ela só fica oiando uma tal novela na televisão que o patrão deu! E quando vai drumi o galo já tá cantando é hora deu levantar pra ir pra labuta.
Rs rs rs
P- Não Borges eu falo é brigar, bater nela!
T- Não qui bater! Eu qui me faça de besta qui ela é quem me bate! A muié tem dois muque no braço paricendo cupim de boi holandês! Kkkkkkk (plateia)
P- Bem... Eu estou aqui para convidar você e sua esposa para que vocês assistam à primeira aula de inauguração da nossa escolinha. Vocês irão aprender as primeiras letras do alfabeto e futuramente aprender escrever o nome de vocês e muito mais.
T – ô, ô, ô ... (deu um branco o nome da pró)
P- Pró Ane:
Pode me chamar assim:
T Varmicê nunca viu papagaio veio aprender falar?
P- Aprende sim:
É só a boa vontade. Quando eu voltar para São Paulo a professora Milena vai dar sequência a esse trabalho de aprendizagem com vocês.
No ano seguinte, a professora volta à localidade e encontra novamente Borges (o tabaréu)
P- Olá Borges!
T- Olá professora Ane! Como vai?
P- Estou bem. Você e a esposa?
T- Estamos bem, sabemos ler e escrever, já conseguimos até um emprego no comercio.
Assim foi o diálogo entre a professora e o tabaréu.
Autor: Jorge Galdino, Alagoinhas, 23/03/2012.
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