"Carmen", versão adaptada da ópera de Bizet
Mês passado, fui conferir, no Palácio das Artes, a montagem (adaptada) da ópera francesa "Carmen", de Georges Bizet, feita pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais, Coral Infanto-juvenil Palácio das Artes e Companhia de Dança Sesiminas, sob regência do maestro Marcelo Ramos.
"Carmen" é provavelmente a ópera com mais trechos (árias) conhecidas pelo grande público. Talvez, por esse motivo, tenha sido escolhida para a retomada da OSMG na execução desse formato. A OSMG vem nos últimos anos passando por tempos difíceis, após a criação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, durante o Governo Aécio Neves. A criação da OFMG, que conta com mais patrocínio e mais recursos, oriundos da cobrança de ingressos a preços mais elevados e apoio do Governo, foi visto como uma ameaça à sobrevivência da OSMG, que sempre cobrou a preços populares ou se apresentou gratuitamente, além de ter sua existência "garantida" por lei. A OSMG ainda sofreu com a perda de músicos para a OFMG e ainda sofre com os poucos recursos disponíveis para a cultura em Minas Gerais. Nesse ponto, portanto, a OFMG tem vantagem, visto que levanta recursos próprios na cobrança de ingressos. Diante disso, a montagem de uma ópera serve como uma mensagem da OSMG, de que tem capacidade para criar um espetáculo, mesmo sem contar com os mesmos recursos da OFMG. A Fundação Clóvis Salgado, que administra o Palácio das Artes, abre espaço para ambas as orquestras. Ainda bem.
Sobre o espetáculo em si... a montagem foi anunciada com 2 horas de duração, tempo bem inferior ao tamanho original. Imaginei inicialmente que a montagem seria apenas uma sequência de árias conhecidas, mas até que a seleção dos trechos ficou satisfatória, tendo sido organizado com apenas um intervalo. Por causa do corte na duração e nos personagens, era necessário oferecer algum recurso para a compreensão da história e a opção ficou por conta da escolha de um narrador, que ficou presente no palco. A interação de um narrador falando em português com atores cantando em francês me causou certo estranhamento... mas fui me acostumando. Por ter ficado na plateia superior tive um pouco de dificuldade em entender a fala do narrador e pude entender o problema da sonoridade no Grande Teatro, algo que costuma ser observado as vezes nos reviews de espetáculos, mas que eu acreditava ser um ponto restrito a uma análise mais técnica e não amadora como a minha. Mesmo assim, gostei do espetáculo! Tanto a parte musical como a coreográfica estavam excelentes! Destaque para os intérpretes de Carmen, José, Micaela e o toureiro Escamillo. A cenografia, que incluía vídeos nem sempre relacionados à ópera, não me agradou muito mas entendi como uma solução apropriada à disponibilidade de recursos da OSFM. Quanto ao figurino, nada de relevante a falar. Sobre a experiência do espetáculo... minha mãe, que pela primeira vez viu uma ópera, gostou muito... e eu também! Fica a expectativa para as próximas montagens...
P.S.: Resenha escrita em 26/07/2015.