"Lisístrata" de Aristófanes: uma das primeiras obras pacifistas da história é também uma das primeiras a trazer o protagonismo feminino
Livro "Lisístrata: a greve do sexo", peça de comédia escrita pelo dramaturgo grego Aristófanes, em 411 a.C., traduzida pelo genial Millôr Fernandes, numa excelente edição da L&PM Editores.
Na obra, as mulheres atenienses, cansadas das aflições da guerra e sem poder político ou de decisão, fazem o que está ao seu alcance para pôr fim aos conflitos que estraçalham a Grécia do Século V a.C.: decidem recusar-se aos seus maridos, em uma greve de sexo, enquanto eles não assinarem um tratado de paz. De quebra, elas se apoderam do tesouro da cidade, para minar novas incursões militares.
Pouco se sabe sobre Aristófanes. Das 40 peças de comédia que teria escrito, apenas 11 chegaram até nós. Pode-se afirmar que Lisístrata é a primeira heroína de uma peça cômica e, o livro em si, é a primeira grande obra pacifista da história. Há quem veja na obra uma certa exploração da mulher, retratada como mero objeto. É inegável que as mulheres, ao longo da história humana (e não foi diferente na Grécia), foram subjugadas em seus direitos mais básicos. No entanto, lendo a obra, percebe-se que a força da personagem vai além do estereótipo feminista moderno: a protagonista é forte, valendo-se principalmente da retórica para unir as demais em sua causa, deliberando sobre os objetivos a serem alcançados, exigindo e/ou negociando seu cumprimento. Altamente recomendado!
(ARISTÓFANES: adaptação e tradução de Millôr Fernandes. Lisístrata: a greve do sexo. Porto Alegre: L&PM, 2010, (Coleção L&PM Pocket # 316), 128 páginas)
P.S.: Resenha escrita em 2014.