Impressões - Mergulho ou A Menina que Sangrava Poesia

Impressões

Mergulho ou A Menina que Sangrava Poesia

Teatro Ziembinski

Baseado no livro “O Diário de Anne Frank”, Rita Grego interpreta a história dolorosa e ao mesmo tempo poética de uma menina de treze anos que vivenciou as mazelas causadas pela Segunda Guerra Mundial. E o massacre de um povo pelo outro. Desesperador. O sofrimento do povo judeu com a insanidade nazista. Anne vivia com sua família e outra família de judeus na Holanda, em Amsterdã. Eles se esconderam para sobreviver aquele terror bélico. A peça traz elementos como a intolerância, preconceito, dor, amor, loucura, afeto, solidão, opressão, exílio, liberdade e morte.

Diante de meus olhos Anne é uma borboleta dentro do casulo do tempo, a guerra e todo caos estabelecido força a menina a esperar. Esperar...Esperar...Esperar. Então ela mergulha na escrita e escreve, escreve e escreve. Ela reelabora com intensidade e criatividade o peso da existência. Sua vida se passa dentro da clandestinidade devido à guerra que desaba todo mundo lá fora. Pra mim sua relação com o pai foi salvadora, e sua inteligência e sensibilidade a fez suportar um período de “não-existência” – a segregação racial e religiosa, ali nos porões da vida Anne constrói a sua história bela e poética mergulhada na mais cruel realidade. O cenário é simplificado, mas impactante – trazendo a representação do pequeno espaço onde ela viveu durante esse período tanto quanto intenso e chocante. Anne conta o que nos choca e o que nos atinge até hoje em dia sobre a fome, a morte, a crueldade da humanidade. E sua agonia, angustia e desejo intenso pela VIDA! A peça traz um tom de denúncia e relato sensível e doído de como foi torturante tantas pessoas mortas de modo tão cruel a troco de quê? Pra quê? Monólogo impactante e delicado, poético, forte! Um balé expressivo com pinceladas abstratas de cores fortes que a vida de Anne imprimiu, Rita Grego conta essa história tão real quanto quase inimaginável. Essa história revela a estupidez e crueldade da humanidade. Mas apesar de tudo o que se vê é a beleza e força da vida. A poesia sangrando da menina. A peça é bela e emocionante! Pelos sentidos de Anne, e sua voz que reverbera até hoje, nos confinamentos do tempo, me deu foi uma “saudade do vento, do céu, do sol, da liberdade, da vida!”

Por Alessandra Espínola

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 02/06/2017
Reeditado em 02/06/2017
Código do texto: T6016448
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