Bibi canta Sinatra!
Confesso que não sou profundo conhecedor do trabalho da Bibi Ferreira, porém passei a admirá-la após ter lido o script de peça Gota D’água e, ouvido o disco (ainda LP) lá pelos idos de 1975 fazendo ressoar pela casa sua vigorosa voz encarnando a personagem homônima da Medeia, em impressionante interpretação. Inesquecível! Anos depois, somente vi as reportagens e vídeos dos espetáculos em que ela assume a identidade artística de Amália Rodrigues e de Edith Piaf em espetáculos arrebatadores que infelizmente não fora ao vivo para esse pobre mortal. Não queria perder essa chance: Bibi canta Sinatra no Teatro Guararapes à pouco em Olinda. Sabia que ela surpreenderia. Sabia que não haveria chance de ser apenas aquela senhora de 92 anos com voz já combalida por tanta vida. Não com Bibi! Que vozinha que nada! Devidamente recheada de mimos harmônicos de seu enxutíssimo e maduro quinteto, e da calorosa receptividade do público ela solta sua voz de contralto de vibrato curto que tanto conhecemos para interpretar de maneira leve as baladas românticas do Frank. As canções eram intercaladas por estórias do Sinatra de certa forma ligadas a cada uma delas precedidas de um bate-bola descontraído com seus parceiros, a quem tratava com sua costumeira informalidade e certa irreverência. Além de Carl Porter e Tom Jobim até o Evis foi cantado, quando inserido no incômodo que causou ao velho Sinatra com seu estrondoso sucesso. Como parece que em todas as apresentações musicais da Dama do Teatro brasileiro o público irá pedir uma palhinha de Piaf, e em Pernambuco não foi de outra forma, ao final do show ela cantou duas inebriando quem a ouvia e aplaudia efusivamente antes da apoteótica New York, New York. Muito Bom!