Show do Guilherme Arantes
Em que pese os anos e a exigência dos tons altos nos quais canta suas canções, o Guilherme me surpreendeu alcançando as notas altas de todos os seus sucessos. Nem precisa dizer, são as antigas que empolgam ao publico, tanto que não creio terem acompanhado o lamento apocalíptico da letra de uma das mais recentes que cantou (Condição Humana). A banda, com muito mais “peso” do que esperava, exibiu um bom entrosamento e certo exagero nos duetos das guitarras: coisa de descontração e diversão dos excelentes músicos. O baixo me frustrou um pouco, talvez porque estou habituado a ouvir as notas mais soltas, ao invés do efeito acústico ao estilo terremoto, se sobrepondo, claro, o baixista é ótimo. O visual do palco privilegia o intimismo deixando as cores somente com as luzes que, aliás, exagera na incidência de canhões brancos na cara da plateia. As conversas do Guilherme com público exibiu sua simplicidade quase que somente vista nas rodas coloquiais de amigos; com erros de português e comentários politicamente quase incorretos porém translucidamente sinceros. Se já o admirava por seu talento para melodias bucólico/aventuresca/pop de corajosa imersão lúdica, (considero-o melhor que Elton John) passei a também ver a pessoa legal que ele parece ser, esteja ou não atrás do seu teclado de harmonias que cintilam nos intervalos dos tempos por onde passeia sob seus dedos como um fiel labrador nos campos.
Show 40 anos, Teatro Guararapes, 18/09/2015, Olinda.