De qualquer lugar para lugar nenhum.
Liberdade - Gritava o rapaz quando a luz do sol escurecera sua vista, fazendo-o levantar as costas da mão a seus olhos como escudo, quando correu para fora da caverna escura que estava agora em suas costas. Não lembraria mais tarde como correu com os pés descalços pelas encostas da montanha que não sabia o nome ou onde ficava. Não tinha mais que dois fios de barba quando bebeu água de um lago e viu sua imagem refletida no mesmo. Não mudei muito, repetiu várias em vezes em voz alta no silêncio do vale que o cercava.
Correu em direção a um povoado na curva do vento a direita de qualquer lugar de frente a lugar nenhum. A voz ensurdecedora de um silêncio total,deixava o rapaz surdo com a própria voz, " mande-os falar", dizia a sua consciência. Até a beleza das árvores pareciam mudar a cada segundo. As folhas nasciam e caíam em seguida, eram sopradas ao longe com fortes rajadas frias de vento. Os animais pareciam não existir, pois por um rápido momento percebeu que não existia espaço para eles ali.
O rapaz caminhava à procura de alguém qualquer,algum rosto desconhecido entre conhecidos. Achou um velho sábio que se julgava assim por suas longas suiças. Sua boca abria de maneira engraçada entonando sempre a interrogação no final das frases silenciosas. Agora o rapaz já sabia quem era, mas quando dizia a si mesmo quem era, logo esquecia e lembrava-se da entonante interrogação no final das frases que nada diziam.
Caminhou de volta ao lago, mas perguntou a si mesmo se antes não era um rio. Toda a água tinha sumido como se nunca tivesse existido. Um rio não era capaz de cruzar um deserto vindo do nada e desaguando no nada. Voltou a subir a montanha que já não parecia uma montanha, mas um estranho edifício situado num meio buraco. Achou um lugar de onde veio; De um lugar qualquer para lugar nenhum. Cama.