A desconstrução das máscaras ou a estrada para o fim
Texto baseado na peça “Uma Arquitetura para Morte” do performático Éos
A voz agonizante preenche o espaço vazio envolto pela escuridão e nos lança a dúvida de quem está sofrendo os últimos restos de vida, o espectador ou o ator? Será que existe mais alguém além de mim naquela sala?
As velas acesas pelo louco, não tira a sensação de estar livre da dúvida. Somos encarados como parte de um julgamento que nunca existiu e condenados a ouvir o silêncio da solidão.
A busca incessante pelas sensações faz-nos crer no encontro com o outro, nosso verdadeiro escape de alívio no sofrimento. Quando a desilusão do fim do gozo aparece, nos resta gritar e enlouquecer com a única realidade possível: A morte.
Não nos preparamos para morrer. Buscamos na vida alentos finitos e construímos esperanças e idealismos facilmente falíveis, hipócritas e muitas vezes ingênuos. Talvez pela ignorância de querer fugir do fim. De querer eternizar o momento da vida com álbuns de fotografia observados por velhos nostálgicos ou com mal de Alzheimer.
A liberdade de estar “nu”, de viver a margem da “normalidade” social, de sentir os raios do sol pela primeira vez tocando o rosto, é transgressora demais para um mundo que não quer transformar a vida em um significado mais profundo e não uma simples viagem de fim de semana.
Ao final, não assisti a uma peça. Estava sozinho o tempo todo, ouvindo uma parte da minha alma que sempre esteve lá, mas não manifesta. A verdadeira forma de arte está na possibilidade de quem a consome, digerir algo que possa encarar a realidade como objeto da dúvida, o melhor meio de transporte para o fim do caminho libertador. Foi à meia hora, que vale por vidas inteiras.