UM DIA DE MORTE

UM DIA DE MORTE (Musical em dois atos)

Personagens: Morte

Esperteza

Amor

Dor

Vaidade

Cenário: Um enorme deserto de areia, com alguns cactos, típicos do sertão, uma luz forte dá idéia de um sol intenso.

A morte é uma senhora de uns 60 anos, cabelos brancos, roupas comuns e sóbrias, é uma senhora bonita.

O amor é alto e usa uma máscara com dois rostos, um masculino e outro feminino.

A vaidade usa uma malha cor da pele, no corpo inteiro, sua apresentação não é bonita, é apenas um corpo nu, com os cabelos escondidos em uma touca, cor da malha, dando idéia de não tê-los.

A dor usa uma túnica branca, com um coração partido e sangrando, seus cabelos são negros, tem uma máscara na parte de trás da cabeça do ator, com uma expressão normal.

A Esperteza é esguia, ágil, também usa uma malha inteira, mas com cores de camuflagem. Os cabelos típicos de bailarina, presos em um coque no alto da cabeça.

Música erudita suave e tranqüila, entra em cena a morte com movimentos leves do balé clássico, em meia ponta, após uma breve coreografia.

Morte – Minha tarefa não é fácil! Todos sabem que devem me seguir, mas vivem tentando escapar, não entendem que só estou fazendo o meu trabalho, estou buscando a Vida, mas essa danada se esconde muito bem, até agora não encontrei em nenhum lugar (escuta um barulho, interrompe o que fala e se esconde). Entram em cena a vaidade e a esperteza, elas dançam em dupla e uma tenta sempre aparecer mais que a outra, terminam brigando.

Vaidade – Mas o quê você quer, estragar a minha apresentação? Eu não sei quem teve essa idéia de nos juntar em cena, que saco!

Esperteza – Olha aqui, pelo que eu sei a cena foi criada para mim, você entrou aqui só para completá-la, ou seja você é apenas mais um adereço na minha cena.

Vaidade – Faz me rir!!! Eu figurante sua? vai se olhar no espelho sua eaperteza de merda!!! (quando iam brigar pra valer a morte interfere se pondo no meio dos dois)

Morte – Olha aqui, vocês já estão bem grandinhos para essa cena de crianças mimadas. (os dois junto falam)

Os dois - Quem é a senhora?

Morte – Sou a Morte, estou aqui a trabalho. (eles engolem seco, e se afastam)

Vaidade – Sou muito jovem, por favor não me leve!( empurra a esperteza para frente), leva ela, que viver enrolando todo mundo.

Esperteza – Que isso dona Morte! eu não, ainda tenho muito que aprontar por aqui. Implora de joelhos, não me leve, tenha piedade,(aos berros), Eu não quero ir...

Morte- Parem já com isso, seus idiotas, não vim buscar vocês, estou a procura de alguém muito especial, se vocês descobrirem ganham uns bônus extras, quando chegar a sua hora. (Os dois mudam o tom e aliviados)

Esperteza – Já estou dentro, vou descobrir e ganhar essa disputa.

Vaidade – Eu que conheço todos por aqui, logo vou descobrir...(os dois saem dançando uma coreografia de dança moderna ao som de um piano brejeiro).

A luz cai e nesse momento um solo forte e um som de temporal antecede a entrada da Dor, que entra com uma coreografia muito no plano inferior, sua roupa branca tem o coração florescente na iluminação, a dor dança seu solo doido e intenso.

Morte – Olá! Como vai?

Dor – Muito mal, quem é você?

Morte – Sou a Morte.

Dor – Finalmente vistes me buscar! Tenho implorado por ti dia após dia, vamos?

Morte – Não, ainda não chegou sua hora.

Dor – Impossível! Não suporto mais viver assim, exijo que você me leve!

Morte – É cada um que me aparece! Uns se drogam e bebem e me obrigam a levá-los antes da hora, outros terminam um casamento e querem morrer, outros se jogam de lugares altos... eles pensam que é só querer que eu tenho que atendê-los, gente mimada e sem limites, estou por aqui com vocês, querem dominar tudo. Hora faça-me um favor, vai chorar sua dorzinha inútil longe de mim.

Dor – Vá se danar sua Morte idiota! Você será obrigada a me levar, escreve o que te digo. (sai de cena se arrastando como quem não agüenta caminhar)

Morte – Esse já morreu e nem percebeu. Idiota! pensa que vive em uma dor sem fim, quando sua morte é a continuação dessa maldita dor que ele já nem sabe o que causou, agora é só a dor pela dor . Isso aqui é um hospício, se eu não me cuidar piro também. E ainda falam que servidor público tem boa vida!!! Só não peço exoneração, porque já passei dos trinta não encontrarei outro trabalho que me ofereça algumas vantagens, além de ser empregada direta de Deus, mas que tem horas que dá vontade de largar tudo há isso dá. Música alegre, coreografia de procura.

Amor – Bravo!!!

Morte – Gostou mesmo?

Amor – Adoro a dança, a música, a natureza... (é cortado)

Morte – E a morte, você também adora?

Amor – Tem seu encanto, mas devo dizer que sou amante da vida, com a morte posso apenas flertar, mas é preciso que ela tenha algum encanto.

Morte – Sou a Morte, tenho esse encanto para flertar comigo?

Amor – Claro que tens! És experiente, tens uma beleza cativante, e danças muito bem. Quem tu procuras para levar?

Morte – Sua amada, a Vida.

Fim do primeiro ato

Obs. Sei que está no lugar errado, mas publicar textos de teatro é muito complicado, prefiro aqui.

Glória Cris
Enviado por Glória Cris em 13/08/2011
Reeditado em 24/11/2011
Código do texto: T3157390
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