“A História do Rio que se Estreita”
Companhia de Teatro Luiz Catirina
Apresenta:
“A História do Rio que se Estreita”
Cortejo: Bem pra lá da Zona Verde /Bem prá cá do Pacoti
Tão longe escuto um rumo/ há rumores logo ali
Selva em pedra se transforma/ Em um salto que não vi
Selando paz em sua história / Deram o nome Paramoti.
(Cena do Rio )
Lavadeira 1 – Um dia desses eu tava lá na vila, e tava um fuzuê danado.
Lavadeira 2 – Era briga?
Lavadeira 1 – Não! Eu num intindi” muita coisa não.
Mas briga ... briga num era não?
Lavadeira 3 – E eu num sei o que é que ta acontecendo.
Lavadeira 2 – Viche! Chegou a sabida informada.
Lavadeira 1 – Se sabe conte, que eu num gosto de mistério, pelo que’u vi... o negocio parece sério...
Lavadeira 3 – É muito, muito, mais muito mais sério que ocês imagina... (como se contasse um segredo) Cês imaginam que tão falando em emancipar a vila.
Lavadeira 1 – Ai meu Deus! (rebuliço; falam ao mesmo tempo) Viche.
Lavadeira 2 – Num diga cumade! Será?
Lavadeira 3 – Pois é!
Lavadeira 1 – Mas cumade... O que é emancipar?
(prato)
Lavadeiras 3 – Eu num sei...
(prato)
Lavadeira 2 – Minha filha mais velha estuda no grupo da rua... ta tão sabida, deve de saber melhor que a cumade.
Filha da lavadeira – (entra) e sei mesmo minha mãe, eu sei de tudo...
Lavadeira 1 – Eita chegou outra sabidona.
Lavadeira 2 Pois conte a nóis, minha fia.
Filha da lavadeira – Emancipar, é tornar município com direito a presidente e tudo mais, eu ouvi na rua que vai ter... (entram personagens de acordo com a contação da história) ... uma banda de musicadores, cidade de verde e amarelo, um palanque bem grandão e um homen dizendo – (imita) meu irmão e minha irmã.
Araci – Meu irmão e minha irmã... uma nova história começa hoje... Agora não mais vila de Santana.
Todos – Êh!!! (com bandeirinhas verde e amarela)
Araci – não mais como Saldanha...
Todos – Êh!!!
Araci – Mas sim como Paramoti.
Araci (sozinho) – Êh!!!
(prato)
Todos – É o que menino???
Araci – Paramoti que dizer: rio que se estreita.
Lavadeira 1 – Se estreita?
Lavadeira 2 – Se avecha cumade, ta acabando á água do rio.
Lavadeira 3- Paramoti... Hum, parece nome de Indio! (Saem abusadas).
(Entra caminhão).
Seu Hermelino – Tarde!!! Seu Araci
Araci – Tarde!!! Seu Hermilino, vai pra capital?
Seu Hermilino – Não, pra capital só vou duas vezes na semana e hoje num é dia não.
Araci – Entonce... Cê me dá uma carona? Porque eu tenho de resolver umas coisas lá, sabe?.Modos; que eu tenho de pedir ao prefeito de lá um motor e um gerador pra dá a luz, aqui nos postes.
Seu Hermilino – Suba logo homi; que lá vem o pessoal.
(todos fazendo barulho, de mortalhas homens animados/ Confusão)!
Seu Hermilino – Gente! Ô gente... Ô gente!!
Todos – O que é seu Hermilino.
Seu Hermlino – Vamo cantando um louvor que é “milhor” do que barulho.
Todos – De caminhão eu vou para Canindé (bis). No caminhão do seu Hermelino eu vou pra Canindé.
(saem).
(Falando no Auto Falante)
Luiz Catirina – Boa noite Cidade de Paramoti. Vinheram me contar que a Dona Francielda num vai deixar a fia dela ir pro meu forró, vê se pode um negocio desses. Dona Francielda eu deixo a menina em casa, num se preocupe não...
(alguém vem e deixa um recado)
Atenção mãe Maria de Matos, a cumadre Genoveva estorou a bolsa, acho melhor a senhora correr.
( neste momento passa Mãe Maria de Matos, apressada, do lado pai da criança chorando)!
Mãe Maria de Matos – Eu já to indo...(dá um tapa no pai). Se acalme homi, quem vai ter o menino é ela.
(sai)
Catirina – Atenção, Atenção . Dona Matilde, o seu neto acabou de nascer.
( Neste momento, passa a mãe Preta, com a família feliz).
(Cenário; casas)
Nair – (apareceu na janela) Eu vou mamãe, eu vou...
Maristela – (na rua) Nair!
Nair – Maristela!
Maristela – O que é essa confusão toda ai dentro???
Nair – A mãe, não quer deixar eu ir pro forró do Catirino.
Maristela – Só por que os melhores pretendentes estarão lá!
Nair – (desanimada com a noticia) (chorando) Não diga!!!
Maristela – Pena que você vai perder os paulistas. Que vinheram aprender dança forró e digo mas...
Nair – (chorando mais ainda). Não diga!!!
Maristela – Elas disseram por ai, que estão doidos pra casar...
Nair – Disseram??? (choro mais desesperado).
Maristela – Disseram que até o Evilásio vai pra lá...
Nair – (faz como sentisse um fogo) Ai mulher não diga, se ele vai, eu vai (passa batom) eu num perco esse forró por nada...
(Catirino vai passando com outras meninas)
-Ai-meu-Deus, é o seu Luis (chamando)
Luiz, Luiz, Seu Luiz Catirino (pega o sapato e joga no Luiz). (pega a casa e sai correndo atrás dele.
Ô catirino, o senhor me leva pro forró? É que a minha mãe só deixar eu ir se o senhor levar.
Luis Catirina – (Ao som de embolada). Abaixe o fogo minha filha por favor./abaixe o fogo pra você não se queimar/Por que pra ir pro forró do Catirino/Você já sabe que primeiro terá muito o que rezar. (bis).
Nair – (pensativa) (entra em casa) pega um estandarte)
- No céu, no céu, com minha mãe estarei – Canta meu povo!!!
(Todos acompanham a procissão) (saem)
(Sobem bandeirinhas de São João- forró, todos voltam)
(Banda toca (xaxado) e todos entram animados).
( Homens pro lado, mulheres pro outro.
Jogando um lencinho no chão – casais se formando – Catirina recolhendo as cotas).
(Placa em forma de lua – casais animados.
(Placa em forma de Sol – Casais cansados.
(Catirino separando os homens – juntando as mulheres) (Todos saem).
Poeta – No mês de Julho, o Sol faz mais forte sobre nossas cabeças, respiramos alegria e fé. O que antes nos penitenciava só em ir pra Canindé. Hoje damos testemunho de nossas crenças não que deixemos de em São Francisco acreditar, mas que também confiamos em Sant’Ana para nos acalentar. Como bons cristãos que vivem no Sertão... cultura de fé e de andores, da massa dos homens e a mulher de flores, do sonho de Frei Diogo pra você...
E já chegou o mês de julho – vamos andando (bis)
É só festejo, forró e barulho – “Vamo” dançando (bis)
É a festa da Padroeira – “Vamo” rezando (bis)
Na praça a noite inteira – namorando (bis)
Do 16 a 26 – vamo andando, vamo dançando...
É a cultura deste mês – vamo rezando e namorando...