Cine Teatro Brasil leva imagens raras do palco às telas

MOSTRA - [ 18/11 ]

Cruzeiro On Line

l"O Brasil tem uma notável riqueza de manifestações cênicas, mas a documentação e a memória entre nós sempre foi muito pobre. Quem não viu Procópio Ferreira nem Cacilda Becker, não assistiu 'Na Selva das Cidades' do Oficina, nem viu o 'Zumbi' no Arena, o que faz?" A pergunta é feita por Julio Calasso, o idealizador da Mostra Cine Teatro Brasil, que começa 5ª feira (19) na Funarte.

Durante quase uma semana, o evento traz às telas desde raridades como a filmagem, mesmo incompleta, da famosa montagem de O Balcão, de Jean Genet, dirigida por Victor Garcia e produzida por Ruth Escobar, até os experimentos videográficos da contemporânea Cia. do Latão. Há ainda cinebiografias, dos diretores Antunes Filho e Flávio Rangel, e documentários sobre a trajetória de companhias, como é o caso do Grupo Tá na Rua, de Amir Haddad.

PONTO DE VISTA

O idealizador é também criador de dois filmes. "Fui ao Rio em 1998 para trabalhar num projeto da Fox e lá reencontrei amigos do Arena, do Oficina, do teatro paulista", lembra Calasso. Entre eles estava o ator e diretor Antônio Pedro, que preparava, uma montagem envolvendo mais de 80 pessoas "Lembrei de minha câmera guardada, reativei, e comecei a registrar. Foram 180 horas de gravação. Achei que era o único, mas depois fui me dando conta de que várias outras pessoas estavam fazendo isso. Daí, comecei a pensar numa mostra."

Interessante notar que ao começar sua pesquisa para o livro Uma Empresa e Seus Segredos: Companhia Maria Della Costa, que acaba de ser lançado pela Editora Perspectiva, a historiadora Tânia Brandão deparou-se com a escassez, quase ausência, de registros de criação, de documentação do ponto de vista dos artistas. Teve de ater-se ao trabalho de observadores, por meio da imprensa.

O pesquisador do futuro não terá a mesma queixa. O advento das câmeras digitais, fáceis de manusear e baratas, veio ao encontro da consciência cada vez mais intensa da importância da memória histórica. O teatro ganha registros. Difícil é a exibição. Festivais de artes cênicas não exibem filmes; os de cinema, recusam por ser teatro. Nesse sentido, a mostra tem caráter eclético, começa com o filme de Marco Antonio Kury baseado em Barrela, de Plínio Marcos. "Queria homenagear Plínio no aniversário de 50 anos da estreia da peça", diz Calasso. A abertura do evento, hoje, às 20 horas, será um show com letras e poemas de Plínio Marcos, músicas de Leo Lama.

PROGRAMAÇÃO:

- QUINTA (19) - 21 h - "Barrela"; Marco Antonio Kury.

- SEXTA (20) - 20 h - "Meu Marido Está a Negar" - Centro do Teatro do Oprimido, de Moçambique; 21 h - "Questão de Gênero" - Centro do Teatro do Oprimido, do Rio.

- SÁBADO - 20 h - "Flavio Rangel, o Teatro na Palma da Mão" -Paola Prestes; 21 h "Antunes Filho - Episódios", Amílcar Claro.

- DOMINGO - 17 h - "Além Hamlet"; Sandra Delgado; 18 h - I"nveja dos Anjos", Grupo Armazém.

- SEGUNDA - 20 h - "O Balcão", Zé Agripino de Paula; 21 h - "Teatro e Circunstância: Transgressões", Amílcar Claro.

- TERÇA - 19 h - "Experimentos Videográficos do Latão"; 21 h - "O Incrível Encontro", Julio Calasso; 22 h - "Electra na Mangueira!", Julio Calasso.

- QUARTA - 20 h - "Tá Na Rua", documentário sobre grupo teatral dirigido por Amir Haddad. (Beth Néspoli - AE)

Douglas Lara
Enviado por Douglas Lara em 19/11/2009
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