UMA LIÇÃO DE VIDA
*Peça em dois atos que conta a história de duas mulheres, uma rica e maldosa e a outra pobre e humilde, quando elas morrem, acontece no céu, surpresas para ambas...
*Personagens: Dona Maria das Chaves(secretária de São Pedro)-Dona Humildade(empregada)-Dona Gananciosa(fazendeira rica)-Narrador.
ATO I
Cenário: Uma portaria(com se fosse recepção de hotel),com uma secretária. Uma portaria celestial. Com entrada e saída de figurantes.
*(Dona Maria) - Nossa! Quanto serviço hoje. Ainda mais que o meu querido chefe, o grande porteiro São Pedro está de férias. Vejam só!
Acampando no Pico do Itambé. Bom! Deixe-me conferir a lista de reservas para ver quem será o primeiro ou primeira a chegar. HUUMMM!
Deixe-me ver...Ah! Achei! Dona Humildade. Pobrezinha! Morreu na fila do SUS. Sofria de um elevado grau de desnutrição. Também né! Com a
patroa que ela tinha. Mal recebia para comer...só trabalhava...
(som de campainha tocando)-Entre por favor!
*(Dona Humildade) - Com licença! É que eu vim hospedar aqui e me informaram que é nesta portaria que se distribuem as chaves. A senhora poderia arrumar um lugar para mim? A viagem foi longa e eu preciso descansar...
*(Dona Maria) - Ah! Sim.(conferindo um cadastro no "PC")Eis aqui a
sua chave. Siga aquele caminho e num grande corredor irá achar a sua
nova morada. Bom descanso!
*Dona Humildade - (recebe as chaves)-Muito obrigada!(segue seu rumo).
(Num corredor com casas luxuosas de um lado e casas bem simples do outro lado, entra Dona Humildade e experimenta a chave em
todas as casas simples à sua direita e em nenhuma a chave serve. Ela volta à portaria ) e fala:
*(Dona Humildade)-Dona Maria! Deve haver algum engano. A chave não serviu em nenhuma casa.
*(Dona Maria)- Não há engano! A chave é esta mesma minha querida! Volte lá e experimente de novo, só que do outro lado.
*(Dona Humildade)- Do outro lado? As casa por lá são muito grandes, bonitas, verdadeiros palácio. Tem certeza de que não há nenhum
engano? Eu sempre gostei do que é meu...
*(Dona Maria) - Sim! Tenho certeza. Agora vá lá e faça exatamente o que lhe disse, não precisa ter medo, pois o que você conquistou aqui, ninguém poderá tirar de você.
*(Dona Humildade)-(de frente para a porta aberta):Uai sô! Que
trem esquisito. Será mesmo que esta chave é da minha casa? Vou voltar
lá e conferir.(sai de cena).
*(Narrador)- Dona Humildade que na Terra foi uma simples empregada e vivia de favores numa fazenda, era mal tratada pela patroa, porém sempre teve bom coração. Não imaginava que lhe fora entregue a chave d'um palácio no céu-Um prêmio reservado aos puros e humildes.
*(Dona Humildade entra no corredor e na primeira tentativa, abre-se a porta de um lindo palácio. Ela grita espantada):
*(Dona humildade)- DONA MARIA DAS CHAVES! ÔÔ DONA MARIA!
É!HUM!AH! DEVE HAVER ALGUM ENGANO.COMO PODE SER ESTA A MI-
NHA CASA SE NA TERRA EU VIVIA NUMA CASINHA ESCURA DE TAIPA E SAPÉ?
*(Dona Maria responde falando diretamente ao público):
*(Dona Maria)- É! Minha filha. A sua paciência, fé, sua pureza de
coração e seus atos de caridade mesmo vivendo na miséria, lhe proporcionaram este palácio aqui no Céu. Ele é todo seu! Vá e desfrute deste
tesouro celestial que você conquistou, e que qualquer um através da boa semeadura do seu coração, também pode conquistar.
*(Dona Humildade, chorando de alegria, ajoelha, abre os braços agradecendo à Deus pelo presente recebido).Fim do Ato I.
ATO II
*(Dona Maria)-(conferindo o cadastro novamente):-Hum! Agora vem chumbo grosso. Com o perdão da má palavra, Meu Senhor!(Olha para o Céu e se benze)(som da campainha)Lá vamos nós! Entre por favor.
*(Dona Gananciosa)-(Estilo prepotente) Com licença! Você é a responsável pelas acomodações?
*(Dona Maria)_ Sim! Por que?
*(Dona Gananciosa)-É que eu vim me hospedar aqui. Fiz uma viagem muito longa e estou morta! Morta? De cansaço. Não vejo a hora de tomar um banho de imersão com rosas numa banheira. Me informaram que é aqui que receberei as chaves do meu aposento de primeira
classe.
*(Dona Maria)-Há! É aqui mesmo! Aguarde um instante que irei pegar suas chaves.
*(Dona Gananciosa)-Não demore que eu não tenho tempo para
certas burocracias.
*(Dona Maria) - (Ao público)-É esta mesma. Ela terá uma grande surpresa!-Aqui está a sua chave. Siga por ali e quando avistar um grande corredor...(É interrompida)
*(Dona Gananciosa)-(tomando a chave da mão de Dona Maria).
-Tá! Entendi! Estou começando a gostar deste lugar, um corredor bem grande!...
*(Narrador)- Dona Gananciosa que foi uma fazendeira rica, arrogante, egoísta e impiedosa com a natureza e os animais, além de mal-
tratar seus empregados, principalmente a Dona Humildade, não poderia
imaginar qual seria a sua colheita devido às suas sementes plantadas.
*(Dona Gananciosa, ao constatar que a chave não abria as portas de nenhuma mansão, volta esbravejando com Dona Maria):
*(Dona Gananciosa)-Que tolice é esta! Sua Incompetente! Onde
está seu chefe? Quero reclamar diretamente com ele. A chave não ser-
viu em nenhuma mansão ou palácio. Quem você pensa que é?
*(Dona Maria)-Olha minha senhora! O meu querido chefe é o São Pedro. Ele está de férias, acampando no Pico do Itambé. Tenha calma! A senhora testou a chave em todas as casa do corredor?
*(Dona Gananciosa)- Claro que sim! Acha que sou analfabeta?
*(Dona Maria)-A senhora testou dos dois lados?
*(Dona Gananciosa) - Dos dois lados? Mas...
*(Dona Maria)-Então vá lá e teste do outro lado do corredor e não reclame mais.
*(Cena congelada)(à medida que o narrador lê acontece a cena):
*(Narrador)- Chegando do outro lado do corredor, de frente à uma casa simples, pequena, sem nenhum luxo, mais parecida com uma palhoça de taipa e sapé, ela testa a chave e para sua espantosa surpresa a porta abre. Ela ficou mais nervosa quando virou para trás e viu no jardim de um lindo palácio a sua ex empregada, que ela tanto maltratou, toda feliz cheirando uma bela flor, rodeada de pássaros, borboletas e vários animais carinhosos. Ela volta furiosa correndo para a portaria e grita:
*(Dona Gananciosa)- Quem você acha que eu sou? Que palhaçada é esta? A minha chave serviu num casebre escuro, obsoleto e aquela
pobre da minha empregada está lá naquele palácio. Não gostei nada disto. Vamos! Quero outra chave.
*(Dona Maria)-Calma minha senhora! A sua arrogância, o seu egoísmo e as maldades que você fazia com a natureza, com as pessoas e seus empregados, e o mau uso que fez com a sua riqueza, lhe proporcionaram apenas aquela morada nesta nova vida. Esta é a sua chave! Vá e reflita sobre tudo o que fez, tudo o que não fez e sobretudo o que poderia ter feito. Quando na Terra você teve de tudo, menos amor no coração...quem sabe, com um verdadeiro arrependimento, você poderá obter
outra morada? Vá e reflita em paz!
*(Ela sai cabisbaixa)
*(Narrador)-Assim terminamos "MAIS UMA LIÇÃO DE VIDA"! Que todos possamos refletir sobre o que realmente vale a pena na vida. Será que o melhor é ter com egoísmo, arrogância, crueldade e ganância ou buscar o "ser" na simplicidade da vida, no amor e no respeito para
com a natureza, os animais e com as pessoas?
Que cada um faça o seu exame de consciência e procure reservar
de acordo com sua semeadura a sua chave:
A chave do "Ter" da Dona Gananciosa ou a chave do "Ser" da Do-
na Humildade? Cada um é livre para escolher a sua morada no Paraíso.
FIM !