"CISCY" Peça teatral espírita de: Flávio Cavalcante

Ciscy

Peça teatral (Espírita).

Em 1. Ato

De

Flávio Cavalcante.

ROLL DOS PERSONAGENS

CISCY

PROFESSOR ALFREDO

ZÉLIA

SINOPSE

É uma história passada em uma mansão. Há muitos anos atrás e até os dias de hoje, fenômenos estranhos e extraordinários acontecem freqüentemente na grande mansão de Zélia e ninguém tem uma explicação lógica do que realmente significam estes fenômenos.

Vários estudiosos já analisaram o fato de perto, passando algumas noites na mansão, mas não chegaram à uma explicação precisa. Chegaram à ouvir vozes e até ver uma garotinha de aproximadamente 5 anos, que se materializa numa facilidade extraordinária e sempre fica esperando alguém, que muitas vezes chamou a atenção dos estudiosos, que notavam no olhar daquela garota uma certa ansiedade.

A casa recentemente é ocupada pelo Professor Alfredo, um professor universitário, que alugou a dita mansão para passar suas férias e estudar mais, já que aquele casarão, dispunha de uma grande biblioteca.

Alfredo ouve a voz da Ciscy, chamando o seu nome e nem ele mesmo sabe o porquê.

Qual a relação afetiva que essa garota tem com o professor? Será que a ansiedade que ela demonstrava perante os estudiosos, era à espera dele?

Perguntas como estas, vão desvendando as respostas, no decorrer dessa história.

O cenário é o interior de uma mansão antiga com alguns móveis e relógio grande na parede.

(Flávio Cavalcante).

(Cena escura, a sonoplastia libera um som de um tic-tac de relógio, seguido de uma ventania lenta. Música de tensão vai aumentado gradativamente, acompanhando uma voz solfejante, chamando o nome “Alfredo”. De repente, o som de pegadas de sapatos vem se aproximando e a voz continua solfejando o nome “Alfredo”. Assim que as pegadas cessarem, a sonoplastia também cessa bruscamente. Mas, continua o tic-tac do relógio. Ouve-se um barulho no trinco da porta, como que alguém do lado de fora, está tentando abrir a porta. Ao abri-la, reflete-se a luz do poste da rua, dentro de casa).

ALFREDO

(Falando com alguém que está no lado de fora). Muito obrigado! (Transição). Engraçado! Eu deixei esta lâmpada acesa! Na certa ela queimou! (Vai em direção a lâmpada, aciona a pêra e a lâmpada acende normalmente. Transição). Não pode ser! Eu tenho absoluta certeza que esta lâmpada estava acesa... (Transição). Bom, deixa pra lá... Antes de dormir eu vou preparar a minha primeira aula do ano... (Transição). Deixe-me ver por onde eu vou começar... (Vai à estante). História, Psicologia, Matemática... (Transição). Onde está o livro que eu trouxe? (Pensativo). Ele estava aqui! (Transição). Na certa tá na minha mala! Já pude crer que mudanças repentinas, nunca dá certo! (A sonoplastia libera um som de ventania lenta. Transição). Me deu um frio de repente! (Pausa). Deve ser esta janela! (Fecha a janela, mas a sonoplastia continua com a ventania. Transição alisando os braços). O frio não passou... (Transição). Preciso me agasalhar... Não sei o porquê, tudo é tão estranho! Esta casa, estes móveis, parece tão familiar... (Aumenta a ventania. Transição). O frio tá mais intenso... Não há motivo para este frio, eu não estou doente; pelo menos eu estou sentindo, que meu corpo está normal! Estou sentindo isso! As portas estão fechadas! (Transição). Eu acho que estou precisando mesmo, é de um bom cobertor... (Sai de cena. A ventania continua com o barulho de vento, seguido agora, do solfejo, chamando pelo alfredo. As luzes vão se apagando em resistência e o solfejo e a ventania, também vão desaparecendo, mas continua o tic-tac do relógio. A cena escurece. O galo canta. É dia. A cena vai clareando gradativamente. Em cena, está um garotinha de aproximadamente 5 anos, com trajes de uma época antiga, sentada em cima da mesa, brincando com uma boneca, solfejando uma cantiga de ninar, envolvida sob um facho de luz . Entra Alfredo bocejando. O Facho de luz desaparece e o professor corta o bocejo, assim que ver a garota).

ALFREDO

(Se assusta). Quem é você?

CISCY

Eu sou Ciscy!

ALFREDO

Por onde você entrou?

CISCY

Eu não entrei! Eu moro aqui!

ALFREDO

(Surpreso). Você mora aqui? (Transição). Ah, você mora aqui pertinho! Você é minha vizinha!? (Ciscy fica calada). Por que você acordou tão cedo? Isto é hora de criança está na cama!

CISCY

(Sem olhar para o Alfredo). A Suzy está com frio...

ALFREDO

Quem é Suzy?

CISCY

A minha boneca! Ela disse que gosta de você! E você, gosta dela, Alfredo?

ALFREDO

(Espantado). Como sabe o meu nome?

CISCY

Gosta dela?

ALFREDO

Gosto sim! (Transição). Mas como você sabe o meu nome?

CISCY

Eu sei...

ALFREDO

Eu sei que você sabe! Mas você pode pelo menos me dizer, quem lhe falou o meu nome?

CISCY

Eu sei...

ALFREDO

Eu sei que você sabe! Mas quem lhe falou o meu nome, se você não me conhece?

CISCY

Não sei! (Desce da mesa). Você pode arrumar um lençol pra eu cobrir a Suzy?

ALFREDO

Eu arrumo tudo que você quiser... Mas quando você me responder! Quem foi que falou meu nome pra você?

CISCY

Não sei...

ALFREDO

Tá bom... Tudo bem... Eu não vou insistir! Se você não quer falar, não quer e pronto! (Transição). Agora, vá pra casa que seus pais devem estar preocupados!

CISCY

A minha casa é aqui! Eu não quero sair daqui!

ALFREDO

(Admirado). Aqui?! Aqui não é a sua casa! Você tem que ir pra sua casa! Eu vou lhe levar até seus pais... (Leva a Ciscy até a porta. Alfredo se assusta. A porta está fechada de chave. Transição). Como você entrou aqui? (Pausa e a garota fica calada. Transição, querendo ficar com raiva). Vamos, responda! Diga logo, que eu tenho o que fazer! (A Ciscy chora. Transição brando). Por que você está chorando? (A garota se abraça com o Alfredo).

CISCY

(Ainda chorando). Eu te amo, Alfredo!

ALFREDO

Eu também gosto de você! Apesar de não lhe conhecer!

CISCY

Mentira, você não gosta mais de mim! (Chorando novamente).

ALFREDO

Estou começando à gostar! Mas... Pare de chorar!

CISCY

Por que você brigou comigo?

ALFREDO

Eu não briguei com você! Apenas eu lhe perguntei, quem lhe falou o meu nome, só isso!

CISCY

(Engolindo o choro). A Suzy está com sono, mas eu não quero que ela durma!

ALFREDO

Por que você não quer que a Suzy, durma?

CISCY

Porque eu não tenho sono! Se ela dormir, eu vou ficar sozinha! Ela é minha amiga e me faz companhia, sabe? Quando eu choro, ela chora também!

ALFREDO

Legal... Legal mesmo! É difícil ter amigos como a Suzy! Mas você não está sozinha! Eu estou aqui, do seu lado!

CISCY

Mas você é gente grande, Alfredo! A Suzy disse pra mim, que não se deve confiar nas pessoas grandes! Eles não conseguem entender as crianças...

ALFREDO

(Sem jeito). Tudo bem! Sabia que a Suzy está coberta de razão? Mas, apesar de eu ser uma pessoa adulta, vou tentar lhe entender!

CISCY

Ninguém consegue!

ALFREDO

Tudo bem... Agora, deixe ela dormir um pouquinho... Você aproveita pra não ficar sozinha, vai dormir também... Quando vocês tiverem dormindo, vocês se encontram no sonho e vão brincar dormindo... (A Ciscy rir).

CISCY

Você é engraçado! Tá vendo, que você não consegue entender? Eu não durmo...

ALFREDO

Mas você é garotinha muito bonitinha! Tem que dormir! Os seus pais já devem estar preocupados! Vá pra casa dormir um pouco mais e depois quando você acordar, a gente conversa mais!

CISCY

Eu não quero ir pra lugar nenhum! (Transição). Vamos brincar?

ALFREDO

... (Sem jeito). Mas... Brincar de que?... É muito cedo, ainda!

CISCY

Nunca mais brinquei com ninguém! Você não quer brincar comigo, Alfredo? A Suzy tá querendo brincar também!

ALFREDO

Eu acho melhor você brincar com crianças de sua idade!

CISCY

(Fazendo beiçinho, querendo chorar). Você não quer brincar comigo!

ALFREDO

Ih! Não vai chorar de novo não! (A garota continua chorando). Você quer parar de chorar?

CISCY

Você não gosta de mim!

ALFREDO

Tá bom, eu brinco com você!

CISCY

Com a Suzy também?

ALFREDO

Também, mas pare chorar...

CISCY

(Limpando os olhos e pulando de alegria). Viva! O Alfredo vai brincar com a gente, Suzy! (Transição). Você sabe brincar de roda, Alfredo?

ALFREDO

Não, como é?

CISCY

Assim, oh! (Faz a roda com o professor Alfredo e a boneca). Atirei o pau no gatôtô, mas o gatôtô, não morreu, reu, reu... Dona Chica, ca, admirou, cê, cê... Tropeçou, tropeçou que o gato fez... Miaaaauuuu...

ALFREDO

(Sem jeito). Miau também!

CISCY

Você sabe contar histórias?

ALFREDO

Às vezes...

CISCY

Eu quero ouvir uma história!

ALFREDO

Agora não é hora de contar história, Ciscy! Eu vou ter todo tempo do mundo, pra lhe contar um montão de histórias! Eu estou de férias...

CISCY

Eu sei...

ALFREDO

(Surpreso). Sabe? (Transição). Ah! Desculpa! Tinha me esquecido que você sabe tudo a meu respeito! Você é uma criança muito inteligente!

CISCY

Eu não sou criança! Eu sou uma moça!

ALFREDO

Pois não, senhorita! Então eu retiro a criança! Você é um moçinha muito inteligente!

CISCY

Por que você demorou tanto?

ALFREDO

(Sem entender). Eu demorei? Eu não saí pra lugar nenhum!

CISCY

Eu estou lhe esperando já faz tanto tempo!

ALFREDO

(Surpreso). Me esperando? (Transição). Não entendi! Explique melhor, Ciscy!

CISCY

(Com desdém). Eu estou muito triste!

ALFREDO

Não há motivos pra tristeza! Você é uma mocinha inteligente, brincou comigo, tem a Suzy que você ama...

CISCY

Ela me ama também! E gosta de você!

ALFREDO

E então; por que você está triste?

CISCY

Porque ninguém me ver! Mas eu vejo todos e tudo que está se passando... (A sonoplastia libera novamente o som de ventania lenta e o professor Alfredo se arreppia, como quem está com frio).

ALFREDO

Que frio me deu de repente! (Um facho de luz recai sobre a Ciscy, dando idéia de que ela desapareceu e o professor se assusta). Ciscy... Onde está você? (Procurando embaixo da mesa e em alguns cômodos). Ciscy, deixe de brincadeiras ! Onde está você, responda? (A sonoplastia libera uma música e a Ciscy fala, mas o professor não à vê, só ouve a voz).

CISCY

Estou indo, Alfredo!

ALFREDO

(Assustado, quase em loucura). Onde está você? Não vá embora! (Grita). Ciscy...

CISCY

(EM OFF). Eu te amo... Estou com medo, Alfredo!

ALFREDO

(Sentindo uma reação estranha). Ai... Eu estou tremendo de frio! (Se apavora). Onde está você? Ciscy... Ciscy... Não vá embora sem me dizer o que está acontecendo! Não vá embora... (Chorando). Onde está você? (Em prantos). Me diga o que realmente está acontecendo... (Debruça no chão). Ciscy... (Pausa. Transição pensativo). Por que eu estou chorando? Espere aí... Nada disso está acontecendo... Eu estou vendo coisas, onde não existe nada! (Nada). Eu estou muito cansado mentalmente! Estou precisando procurar um neurologista! Isso só pode ser começo de loucura! (Transição). Mas foi tão real... (A Campainha toca, provocando susto no professor. Ele abre a porta e entra em cena a Zélia, dona da mansão). Ah, é a senhora? Como vai?

ZÉLIA

Muito bem, obrigada! Agora, por que este espanto? Está doente?

ALFREDO

(Nervoso). Eu estou espantado... Ou melhor... Doente?

ZÉLIA

Está com ar de tenso! Andou chorando? Seus olhos ainda retêm algumas lágrimas...

ALFREDO

São os seus olhos... (Limpa os olhos). Eu não estou tenso!

ZÉLIA

Mas é o que tá transparecendo! Se quiser conversar, eu estou aqui! Quero que saiba que além de ser a dona da pensão, sou uma amiga!

ALFREDO

Muito grato! A senhora é muito gentil! (Transição). Ah, sim... Esqueci de lhe pagar a fiança e...

ZÉLIA

Não precisa se preocupar com isto! O senhor não tem cara de trambiqueiro! O fato de não ter pagado a fiança, não quer dizer que eu vim aqui para lhe cobrar! Eu vim apenas lhe dar boas novas e lhe avisar, que ainda resta alguns objetos meus... são objetos pessoais, em algumas gavetas!

ALFREDO

Tudo bem! Pode deixar, que juntarei todos os seus pertences! E também não precisa se preocupar comigo! Eu só estou um pouco estressado! Me bateu apenas um pouco de depressão... Mas já tá tudo bem de novo! Um bom repouso resolve! Estou me sentindo muito cansado!

ZÉLIA

Então acabou de encontra o lugar certo! Esta casa é o lugar que qualquer pessoa gostaria de passar temporadas! Todos nós precisamos descansar um pouco!

ALFREDO

Descanso... Faz tanto que eu não sei o que é isso! Agora, forçosamente, eu tive que tirar féria na faculdade... Se não eu ia acabar desaparecendo desse planeta pra sempre! Nunca tirei férias, sabia?! Sempre meu trabalho exigiu muito de meus esforços!

ZÉLIA

Agora está explicado o motivo de estar tão tenso! Além da agitação dos automóveis da cidade grande, o senhor parece que é muito responsável no que faz! Tenha cuidado! Eu tenho um sobrinho, que por este mesmo motivo, acabou ficando biruta...

ALFREDO

Vai ver que é o meu caso...

ZÉLIA

(Sem entender). O que foi que o senhor falou?

ALFREDO

Nada não! Me desculpa, mas, eu não estou nada legal! Eu não vou esconder isto da senhora! (Transição). Mas... Nós ainda não nos conhecemos! (Dando as mãos). Meu nome é Alfredo e a senhora?

ZÉLIA

Meu nome é Zélia, muito prazer!

ALFREDO

O prazer é todo meu! Eu já lhe conhecia de vista! O seu secretário, foi quem me alugou esta casa! Eu lhe vi conversando com ele ontem à noite! Tive vontade de me aproximar, mas, não gosto de incomodar à ninguém...

ZÉLIA

O que é isso, professor?! Isso não é incomodar!

ALFREDO

É questão de ética, entende? Aprendi com meu avô! Ele era um bom conselheiro!

ZÉLIA

(Admirada). Era?

ALFREDO

Faleceu alguns anos atrás...

ZÉLIA

(Condolente). Sinto muito...

ALFREDO

Ele era um exemplo de cidadão! Ajudou a muita gente! Acredito, que pelos seu feitos benévolos, ele deve estar num bom lugar!

ZÉLIA

Se ele teve estas qualidade que o senhor acabou de mencionar, não tenha dúvidas disso!

ALFREDO

Às vezes ele ficava filosofando... (Pensativo). E às vezes me falava coisas, que serviam para mim como exemplo! Ele mostrava o que era bom e o que era ruim... O que deveria e o que não deveria fazer! Uma dessas coisas que eu aprendi, foi exatamente isto; não tornar-se inconveniente... Acho que é mais questão de princípios!

ZÉLIA

Tudo bem, até concordo com a questão de princípios, mas o fato do senhor querer se aproximar, não ia de hipótese nenhuma alterar os seus princípios! (Transição). Eu gostei do senhor! Sempre que precisar de mim, estou às suas ordens...

ALFREDO

Eu fico muito grato com isto! A senhora é muito gentil! E quanto à fiança...

ZÉLIA

... Não fale mais nesse assunto! O senhor não tem cara de trambiqueiro, eu já falei!

ALFREDO

Então, muito obrigado! A senhora não vai se decepcionar comigo!

ZÉLIA

Não precisa me agradecer! E também, vamos deixar este negócio de senhora pra lá, que eu não sou tão velha assim! Ademais, eu gosto que as pessoas me tratem por você! No seu caso, pode me chamar de Zélia, mesmo!

ALFREDO

Pois bem, dona Zélia... (Transição). Ah, desculpe-me... (Transição). Zélia!

ZÉLIA

Muito em breve você se acostuma... (Transição). Eu posso lhe chamar de você?

ALFREDO

Claro, que sim... Eu só tenho 34 anos...

ZÉLIA

Então estamos combinado! Eu chamo você de você e você me chama de você, ok? (Os dois caem na gargalhada. Transição). Sabe, Alfredo? Não sei o porquê; mas, assim que eu lhe vi, tive uma ligeira impressão que já lhe conheço de algum lugar!

ALFREDO

Engraçado! Tive esta mesma impressão... Poucos antes de você entrar na sua casa, ontem à noite... E também eu pedi pra o seu secretário me ajudar a abrir a porta, que estava emperrada! Ele veio! Gostei muito dele, por sinal... E no caminho ele falou muito bem da senhora!

ZÉLIA

Ele é um amor de pessoa! Mas senhora está no céu...

ALFREDO

Desculpe-me novamente!

ZÉLIA

Não precisa tá se desculpando! (Transição). E o que mais ele falou?

ALFREDO

Ele falou, que você ajuda à muita gente... Gosta de fazer caridade! Eu isto esplendoroso!

ZÉLIA

Eu não faço de extraordinário! Ajudar ao próximo, é mais que a nossa obrigação! Isto faz parte das leis divina!

ALFREDO

Me parece que você é muito religiosa, não é verdade?

ZÉLIA

Sou espírita cardecista, graças à Deus!

ALFREDO

Eu sou cético! Não acredito em espíritos! Aliás, eu só acredito no que eu vejo e pego! Acho que tudo é produto da imaginação!

ZÉLIA

É muito comum nas pessoas não acreditarem no espiritismo! Eu também não acreditava! Mas na minha vida aconteceram muitas coisas, que não tinha uma explicação lógica... Uma delas, foi exatamente aqui, nesta casa!

ALFREDO

(Desconfiado). O que tem a casa?

ZÉLIA

(Sem querer falar). Aqui é um lugar ótimo para repouso!

ALFREDO

Não mude de assunto!

ZÉLIA

Eu não estou mudando de assunto! (Transição). Olhe, Alfredo! Nada é produto da imaginação! Tudo tem uma razão de ser! Deus existe e nem por isso é preciso ver e pegar para crer! Ele está em nossa volta... Tudo é criação dele! Você só irá acreditar, quando você tiver um prova, da qual você mesmo não poderá duvidar dela! (Pensativa). E este é o local ideal para esta prova!

ALFREDO

O que foi que você falou?

ZÉLIA

Nada não... Deixe pra lá... (Transição). Sim, mas continue sua história... (Transição). Sim, aí... Você conversou com meu secretário e daí, vieram tentar abrir a porta...

ALFREDO

Exatamente! Assim que nós conseguimos abrir a porta, as luzes da casa estavam apagadas e eu tenho certeza, que as deixei acesas... (Vai ao local). Cheguei à pensar que a lâmpada tivesse queimada, mas assim que acionei a pêra, a lâmpada acendeu normalmente! Fiquei perplexo! Mas o interessante mesmo, é que de repente eu comecei à sentir um frio intenso e uma saudade profunda, como que este ambiente fosse familiar... e o frio continuava muito intenso! Tive a impressão de sentir vento arrepiando os pêlos dos meus braços; mas não podia ser vento, porque a janela já estava fechada! Fui me agasalhar e acabei adormecendo! Assim que eu acordei, pouco antes de você chegar; assim que eu saí do meu quarto, estava sentada bem aqui, neste local... (Vai ao local). Uma garotinha de aproximadamente 5 anos, que chama Ciscy...

ZÉLIA

(De salto). Ela falou com você?

ALFREDO

Claro! E ela falou o meu nome! E eu não seio como ela sabia o meu nome!

ZÉLIA

(Mais admirada ainda). Ela sabia o seu nome?

ALFREDO

Sabia sim...

ZÉLIA

Então era você que ela estava esperando!

ALFREDO

Ela falou isto!

ZÉLIA

Falou? Como assim?

ALFREDO

Disse com estas mesmas palavras; que estava me esperando já faz é tempo! (Transição). Por que? Você conhece a Ciscy?

ZÉLIA

Ah, o nome dela é Ciscy?

ALFREDO

(Querendo ficar nervoso). É Ciscy, sim... Mas por que tanta ansiedade? Foi tudo uma miragem! Ela desapareceu das minhas vistas, como num passe de mágica! De repente, ela falava, falava, mas eu não conseguia vê-la! Estou decidido a procurar um neurologista! Eu acho que estou ficando com problemas de ordem mental... Pode ser efeito dos estudos!

ZÉLIA

Não é efeito de estudo nenhum! Foi tudo real!

ALFREDO

Eu pensei que quem estava ficando louco era eu! Não pode ser! Ela desapareceu como num passe de mágica!

ZÉLIA

Isto mesmo! A Ciscy é um espírito!

ALFREDO

(Desacreditado). Lá vem você com histórias de fantasmas novamente! Isso não existe! Eu já lhe falei que fantasmas é produto da imaginação de pessoas que não tem sanidade mental... (Transição). Cheguei à pensar que fosse real! Era muito perfeito... (Transição). Mas desapareceu...

ZÉLIA

Professor Alfredo! Não é a primeira vez que este fenômeno acontece! Você mesmo notou, que esta porta estava emperrando! Isso quer dizer, que esta casa faz muito tempo que não é ocupada! Exatamente por este motivo! (Transição). É bem verdade, que este últimos dois meses, apareceram várias pessoas, querendo aluga-la... Até achei estranho, porque faz muito tempo que não consigo alugar! Todos os moradores anteriores à você, viram isto mesmo, que você viu! Só que ela nunca conversou com ninguém! Por mais perguntas que fizéssemos, ela não respondia absolutamente nada... Mas notávamos no olhar dela, uma espécie de ansiedade, como que ela estivesse esperando alguém! E pelo que você me falou, eu cheguei a conclusão que era você, que ela esperava tanto...

ALFREDO

Que observação mais chula, Zélia! Não faz sentido nenhum o que você está falando aí...

ZÉLIA

Não é observação chula! Deixe-me tentar lhe explicar melhor! O que está acontecendo, é que este espírito fica de forma palpável! Isto no espiritismo chamamos de materialização! Você deve ter notado, que ela só adquiriu esta forma, quando você se aproximou dela! Este processo, o espírito retira ectoplasma do médium, para adquirir um corpo! É muito perigoso este tipo de comunicação...

ALFREDO

Onde está o perigo?

ZÉLIA

Eu vou chegar lá! O ectoplasma, é a energia contida num médium, que a cede para o espírito comunicante tornar-se visível e palpável! Quando isso acontece, o médium abre portas para enfermidades causadas por vírus circulantes na atmosfera ou enfermidades causadas por infecções! O médium fica exposto a tudo isto! O médium que cede ectoplasma, tem que estar num ambiente apropriado... Ou seja, com higiene total...

ALFREDO

Não tente me convencer! Eu não vou compreender nunca!

ZÉLIA

Eu não estou lhe forçando à entender nada! (Transição). Mas, que você é a solução deste problema, eu tenho quase certeza...

ALFREDO

Você não está falando a verdade!

ZÉLIA

Você é um médium vidente e auditivo!

ALFREDO

Você quer parar com isto?

ZÉLIA

Mas Alfredo, esta menina precisa evoluir! Ela está aqui, já faz muitos anos! Só você pode ajuda-la, será que você não compreende isso?

ALFREDO

É muita loucura para uma cabeça só...

ZÉLIA

Não é loucura não! O fato de você não acreditar, até que eu aceito! Agora, afirmar coisas sem ter conhecimento, eu não admito!

ALFREDO

Não precisa ficar com raiva de mim!

ZÉLIA

Eu não estou com raiva de você! Se você lês-se um pouco à respeito do que estamos abordando, você com certeza chegaria à uma conclusão lógica!

ALFREDO

Realmente eu nunca li nada à respeito!

ZÉLIA

Se você se propuser a ler, eu lhe emprestarei alguns livros...

ALFREDO

Por favor... Claro, que sim... Você conseguiu me convencer! Pelo menos a ler os livros!

ZÉLIA

Eu duvido muito que depois da leitura, com esta experiência que você adquiriu aqui nessa casa, não consiga se convencer!

ALFREDO

Vai ser difícil... Mas quem sabe?

ZÉLIA

Leia os livros e depois a gente conversa, tá? Eles se encontram em uma das gavetas, que eu lhe falei!

ALFREDO

Ok! Pode ficar tranqüila! (Transição). Agora; e quanto a Ciscy?

ZÉLIA

Depois da leitura, falaremos à respeito!

ALFREDO

Vou fazer a leitura, sim! Você me deixou atônito! Mas eu tenho que separar as coisas, porque se não, vou acabar ficando biruta, como o seu sobrinho!

ZÉLIA

Não é bem assim! Eu vou deixa-lo! Muito em breve voltarei aqui, para comentarmos algumas dúvidas, que por certo terá!

ALFREDO

Não tenha dúvida disso!

ZÉLIA

Então, eu estou indo! (Vai em direção à porta).

ALFREDO

Até logo mais... (Abre a porta).

ZÉLIA

Ah, e não fique encasquetando com a fiança! Se você é quem está garota tá querendo, o seu pagamento será a resolução desse problema!

ALFREDO

Tudo bem! (Fecha a porta. O professor Alfredo, vai até uma das gavetas e procura os livros que a Zélia falou. Pega um deles, senta-se numa cadeira antiga e começa a ler um dos livros. As luzes dão black-out rápidos, acompanhados de músicas, dando idéia de tempo. Alfredo vai adormecendo. Em meio a sonolência, ele ouve a voz solfejante, chamando o nome dele. EM OFF). Alfredo... Alfredo... (As luzes do palco vão diminuindo gradativamente até ficar totalmente escuro. Ouve-se um som de ventania lenta dando idéia, que está iniciando o sonho de Alfredo. No sonho, ele chama a Ciscy). Ciscy...(Ao lado do palco desce um telão para mostrar uma cena, retratando um sonho do professor).

CENA DO TELÃO

É uma externa. Dia. Câmera mostra numa geral, um campo aberto e pessoas trajadas de uma época antiga. Ciscy brincando com outras crianças e com a boneca Suzy. A Ciscy se aproxima do pai).

CISCY

Papai, eu vou brincar com a minha boneca! Ela é tão bonita!

ALFREDO

Você gostou da boneca, Ciscy?

CISCY

Gostei, sim! Você é o melhor pai do mundo! Eu te amo, papai! Ela já tem nome!

ALFREDO

E qual é o nome dela?

CISCY

Eu botei o mesmo nome da mamãe! O nome dela é Suzy!

ALFREDO

(Sempre carinhoso). Mas por que, exatamente o nome sua mãe, se você nem a conheceu?

CISCY

Você não disse, que a mamãe era bonita? A minha boneca também é bonita! Por isso que eu botei o nome dela... (Uma lágrima desce do rosto de Alfredo). O senhor tá chorando? É por que mamãe morreu? O senhor não precisa chorar! Ela não tá com papai do céu, não tá?

ALFREDO

Tá, minha filha! Mamãe tá lá em cima olhando pra nós! (Limpa os olhos).

CISCY

Não precisa chorar! Quando eu crescer, eu vou cuidar de você, assim como ela cuidou! Eu te amo, papai! (Beija o Alfredo).

ALFREDO

Eu também te amo, minha filha! Você é foi o melhor presente que Deus, pôde me dar! (Transição). Agora vá brincar com a Suzy!

CISCY

Papai... Por que ela fica de olho aberto o tempo todo?

ALFREDO

Porque ela é uma boneca!

CISCY

Eu posso dar banho nela? Ela pode ficar doente, não pode?

ALFREDO

Pode sim... E feia também...

CISCY

Já pensou a Suzy, com os cabelos todos arrepiados?

ALFREDO

Ai, é que ela fica feia mesmo! Fica parecendo uma bruxa! (A Ciscy solta uma gostosa gargalhada).

CISCY

Vou brincar com ela... (Chega perto das outra Crianças). Olha a minha boneca! Foi meu pai quem me deu... Vamos brincar com ela... (Alfredo fica pensativo e a imagem vai desfocando, fundindo com outra cena, dando idéia, que se passaram vários dias. Está passa a ser uma interna. Ciscy está deitada debilitada em cima de uma cama).

ALFREDO

(Tenso e preocupado). Como ela está? Como está a minha filha?

MULHER

Está muito mal... Ela está com muita febre! Ela está com pneumonia!

ALFREDO

(Mais tenso ainda). Pneumonia? Quer dizer que ela... Pelo amor de Deus, ela não pode morrer! A Ciscy é a única coisa que eu tenho de precioso na minha vida!

MULHER

Se acalme... Tudo é o que Deus quer! Seja feita a vontade dele! (Ciscy chama o Alfredo).

CISCY

Papai...

ALFREDO

Pode falar, meu amor!

CISCY

Não fique triste, por eu estar me ausentando de você! Papai do céu tá me chamando e disse que mamãe também... Eu vou estar bem, não se preocupe! Um dia eu lhe espero! Cuide bem da minha boneca... (Vira a cabeça e falece).

ALFREDO

(Desesperado chorando). Ciscy... Ciscy... (Em prantos). Não faz isso comigo, Deus... (Balançando a Ciscy, já sem vida). Vá, minha filha; reaja! Pelo amor de Deus, reaja...

MULHER

Não adianta! Ela acabou de falecer!

ALFREDO

(Em prantos). Não pode! Ela não pode morrer assim... (Gritando em prantos). Ela não pode morrer! (Grita forte com eco)... Ciscy... (O professor Alfredo acorda apavorado). Nãããoooooo! (Acorda suspirando forte). Que pesadelo horrível... (A sonoplastia libera um murro em cima de uma mesa e pegadas fortes de sapatos, seguido de ventania). Quem está aí? (As pegadas cessam. A voz solfejante continua chamando o nome Alfredo. EM OFF: “Alfredo... Alfredo...”. O Alfredo começa à sentir arrepios. Logo em seguida, a sonoplastia libera a voz da Ciscy, também solfejante).

CISCY

Alfredo... Você viu a minha boneca?

ALFREDO

(Procurando). Ciscy, onde está você?

CISCY

Eu estou aqui, Alfredo... Bem pertinho de você!

ALFREDO

Aonde? Eu não estou lhe vendo? Deixe de brincadeira e apareça logo... Onde está você?

CISCY

(Entra em cena envolvida por um facho de luz. Ela se aproxima do professor). Eu estou aqui!

ALFREDO

Eu não estou lhe vendo!

CISCY

(Fica atrás do professor e a luz apaga). Eu estou aqui, Alfredo...

ALFREDO

(Se assusta). Ai! (Transição). Não faça mais isso! Você quase me matou de susto!

CISCY

(Meiga). Desculpa! (Transição). Você viu a Suzy?

ALFREDO

(Assustado e boquiaberto). Quem é você, realmente?

CISCY

Eu já lhe falei! Eu sou Ciscy!

ALFREDO

Ciscy... Ciscy... Você só sabe dizer isso? (Transição). Você é um fantasma? (Transição). Que pergunta, essa minha... Fantasma não existe! Você é uma miragem?

CISCY

O que é isso? Uma miragem?

ALFREDO

Deixa pra lá!

CISCY

Eu quero minha boneca!

ALFREDO

(Tenta tocar na menina). Você é real?! É fantástico!

CISCY

Eu quero a minha boneca!

ALFREDO

Tá bom, tá bom... Vamos procurar a sua boneca!

CISCY

(Encontra a boneca no chão). Olhe ela aqui, Alfredo!

ALFREDO

Você está feliz agora, Ciscy?

CISCY

Estou sim... Agora somos uma família completa!

ALFREDO

Não entendi! O que você quer dizer com isto?

CISCY

A Suzy foi o melhor presente que eu ganhei...

ALFREDO

Ah, a Suzy foi um presente que você ganhou?

CISCY

Foi sim...

ALFREDO

Que legal!

CISCY

No dia do meu aniversário...

ALFREDO

E quem lhe deu esta boneca?

CISCY

Você...

ALFREDO

(De salto e espantado). Eu?! Como eu posso ter dado algum presente a você, se a primeira vez que eu estou lhe vendo é hoje?

CISCY

Não sei...

ALFREDO

Por que tanto segredo, Ciscy?

CISCY

A Suzy está... (O Alfredo atrapalha grosseiramente).

ALFREDO

Eu não quero saber como está a Suzy! (A Ciscy fica séria, encarando o professor. Faz beiçinho).

CISCY

(Querendo chorar). A suzy não gosta mais você!

ALFREDO

(Arrependido). Ihhh, vai começar tudo de novo! (Um facho de luz recai sobre a Ciscy. Transição). Onde está você? Não vá embora, Ciscy! (Transição). Tá certo, me desculpa! Não quis lhe ofender! (Transição). Ciscy, vamos deixar de brincadeira... (A campainha toca e o professor vai atender a porta, ainda falando com a Ciscy). Eu já lhe pedi desculpas! (Abre a porta, falando para trás, sem olhar quem é). Eu não quis lhe ofender...

ZÉLIA

(Entra em cena). Está falando sozinho, professor Alfredo?

ALFREDO

(Tenso). Entre depressa!

ZÉLIA

O que foi que houve?

ALFREDO

A Ciscy estava aqui, agora mesmo!

ZÉLIA

(Curiosa). E daí?

ALFREDO

Ela é muito amável, sensível demais! Por qualquer motivo ela chora!

ZÉLIA

Como assim?

ALFREDO

Ela agora insiste em dizer, que a Suzy foi um presente que eu dei...

CISCY

Quem é Suzy?

ALFREDO

É uma boneca, que ela trata com tanto carinho, que parece uma pessoa de verdade!

ZÉLIA

Ela não entrou em detalhes?

ALFREDO

Não! Apenas falou, que foi eu quem dei a boneca para ela... (Transição). Mas espere aí... Não pode ser...

ZÉLIA

(Espantada com a reação do Alfredo). O que foi?

ALFREDO

Foi só um sonho, nada mais!

ZÉLIA

O que foi, Alfredo?

ALFREDO

Zélia, realmente ela tem razão! Eu dei a boneca para ela! Mas por que eu não lembro de nada?

ZÉLIA

Do que você está falando, Alfredo?

ALFREDO

Assim que você saiu, eu comecei à ler um dos livros e terminei adormecendo... Eu tive um sonho maluco! Eu era o pai da Ciscy, realmente... Era o aniversário dela e eu a amava demais! Fiz uma surpresa para ela, comprando esta boneca, que até no sonho, ela batizou por Suzy. Ela falou pra mim, que ia brincar com a Suzy no jardim... De repente ela não estava mais no jardim e sim, numa cama doente, com muita febre... Eu não quero lembrar deste pesadelo!

ZÉLIA

E daí, Alfredo? O que foi que aconteceu?

ALFREDO

Uma mulher mandava eu me acalmar e eu ficava cada vez mais descontrolado! Esta mesma mulher me deu a notícia de que a Ciscy havia falecido e a doença era pneumonia! (Transição). Deixa pra lá... Foi só um pesadelo...

ZÉLIA

Não foi só um pesadelo, Alfredo!

ALFREDO

Foi sim! Eu acordei apavorado!

ZÉLIA

Você teve uma recordação de uma existência passada!

ALFREDO

Eu não acredito nestas coisas, você sabe muito bem disso...

ZÉLIA

Pois eu acho bom você começar à acreditar, que é por aí, que vamos encontrar a solução de todo problema!

ALFREDO

Mais uma vez você está ficando maluca!

ZÉLIA

Você numa existência passada, era o pai da Ciscy!

ALFREDO

Foi só um pesadelo, nada mais...

ZÉLIA

Você quer que seja um pesadelo, Alfredo! No seu subconsciente, você sabe que não é!

ALFREDO

Como eu não lembro de nada?

ZÉLIA

Claro! Você reencarnou novamente! E quando a gente reencarna, não lembra de nenhuma existência anterior...

ALFREDO

E por que ela não fala de uma vez por todas? Todas as vezes que eu tento puxar algum assunto, ela muda imediatamente...

ZÉLIA

Você tem que ver, que a Ciscy é uma criança, Alfredo!

ALFREDO

(Transição. Rir). Pôxa! Eu só tenho 34 anos e sou pai de uma garotinha de quase um século de existência! Se isto for verdade, é impressionante!

ZÉLIA

Ou mais... (Transição). Pelo visto você não está tão cético como era!

ALFREDO

Por mais que eu não queira acreditar, eu tou vendo que não há como! Tudo está acontecendo bem diante dos meus olhos!

ZÉLIA

Pra você ver que o espiritismo não é brincadeira!

ALFREDO

Você é um amor de pessoa!

ZÉLIA

Muito obrigado! (A sonoplastia libera uma ventania lenta e o professor Alfredo, alisa os braços). Está com frio, Alfredo?

ALFREDO

Não... Tá tudo bem...

ZÉLIA

Você deveria freqüentar algumas reuniões espíritas comigo! Você pode ser útil, ajudando à muita gente! (O sonoplastia continua com a ventania lenta e o professor, alisa novamente os braços). Tem certeza, que você está bem, Alfredo?

ALFREDO

Acho que sim...

ZÉLIA

(Preocupada). Não entendi! Está sentindo alguma coisa?

ALFREDO

Aqueles arrepios que eu falei anteriormente... (A voz solfeja o nome Alfredo). Você ouviu?

ZÉLIA

Ouviu o que?

ALFREDO

Eu escuto direto, uma voz chamando o meu nome!

ZÉLIA

Eu não estou ouvindo nada!

ALFREDO

Deixa pra lá! Foi só impressão!

ZÉLIA

Eu estou sentindo, que eu vou ter que lhe fazer companhia, não se preocupe! (A sonoplastia libera a ventania um pouco mais intensa). Agora eu estou sentindo um friozinho!

ALFREDO

Também! (A voz solfeja o nome Alfredo). Você ouviu?

ZÉLIA

Não, o que foi?

ALFREDO

Desta vez não foi impressão! Eu ouvi uma voz solfejando o meu nome!

ZÉLIA

Foi a Ciscy?

ALFREDO

Não deu para perceber!

ZÉLIA

Vamos sentar à mesa!

ALFREDO

Pra que?

ZÉLIA

Deixe de interrogações e vamos logo... (Sentam-se os dois à mesa. Em cima, tem uma espécie de lustre, que começa à balançar. O professor demonstra estar com medo. Repentinamente a voz solfeja novamente o nome Alfredo. Ele demonstra estar mais assustado ainda). É ela, Alfredo!

ALFREDO

A Ciscy?

ZÉLIA

Concentre-se, Alfredo! Ela está se aproximando! Seu pai está aqui, Ciscy...

ALFREDO

(Espantado). Pai?!

ZÉLIA

Concentre-se, Alfredo! (Transição). Isto, Ciscy! Eu estou sentindo a sua presença! Fique à vontade! Esta casa é toda sua...

ALFREDO

(Curioso). Você está vendo ela?

ZÉLIA

Só sentindo a presença! (A Ciscy entra em cena envolvida sob um facho de luz, cantando uma música de ninar e fica sentada na mesa. O professor Alfredo consegue vê-la).

ALFREDO

(Admirado). Ciscy! (A Ciscy continua com a música). Zélia, você está vendo agora?

ZÉLIA

Ainda não...

ALFREDO

Ela está aqui, em cima da mesa! Ela está transparente! (Transição). O que está acontecendo, Ciscy? (A garota não responde; só solfeja a cantiga de ninar).

ZÉLIA

Eu estou ouvindo uma canção de ninar!

ALFREDO

É a Ciscy, que está ninando a boneca! (Transição com a Ciscy). Por que você não fala com a gente, Ciscy?

CISCY

Você brigou comigo!

ZÉLIA

Agora eu estou ouvindo perfeitamente!

ALFREDO

Eu não quis ser rude com você! Eu já lhe pedi desculpas! Você me desculpa?

CISCY

Desculpo, sim... Eu te amo, Alfredo! Eu também gosto de você, Zélia! A Suzy também gosta de você! Ela tá dormindo!

ZÉLIA

Você me conhece?

CISCY

Claro! Eu e a Suzy! Você gosta de mim e da Suzy?

ZÉLIA

Todos nós gostamos de vocês duas!

ALFREDO

Quanto à isto, não tenha dúvida, Ciscy!

CISCY

Eu sei que o Alfredo gosta de mim! Ele me deu a Suzy...

ALFREDO

Ela sempre insiste na mesma tecla!

CISCY

A Suzy é muito bonita! Ela disse que gosta do papai e ficou feliz, porque ele disse que gosta dela também...

ZÉLIA

Por que você fala, que o Alfredo é seu pai?

CISCY

Porque é! (A Ciscy continua cantando a cantiga de ninar).

ZÉLIA

Que música linda, esta que você está cantando, Ciscy!

CISCY

Foi meu pai que me ensinou, pra fazer a Suzy dormir! (O facho de luz apaga, tornando-a visível).

ZÉLIA

Agora eu estou vendo!

ALFREDO

Ela não está mais transparente!

CISCY

Eu sei...

ZÉLIA

Por que você nunca falou com ninguém?

CISCY

Porque meu disse, que eu não falasse com estranhos!

ZÉLIA

E por quem você esperava tanto?

CISCY

Pelo meu pai! Ele me deu a Suzy de presente, no meu aniversário... Eu botei o nome dela de Suzy... Era o nome da mamãe, sabe? O papai disse que ela foi morar com o papai do céu...

ZÉLIA

Então, Alfredo! O nome de sua esposa na encarnação passada, era Suzy! Estamos chegando lá!

ALFREDO

É, estou vendo!

ZÉLIA

E onde está a sua mãe agora, Ciscy?

CISCY

Não sei... (Transição). Zélia, você acha a Suzy bonita?

ZÉLIA

Você e ela são lindas... Não é, Alfredo?

ALFREDO

Demais...

CISCY

(Com o Alfredo). Eu e a Suzy estamos felizes porque você voltou! (Um facho de luz cai em cima da Ciscy, tornando-a invisível).

ZÉLIA

Olhe, ela desapareceu...

ALFREDO

Por que será que ela sempre deixa dúvidas?

ZÉLIA

Calma, Alfredo! Tudo na sua hora! Ainda tem dúvida que ela foi sua filha na vida passada?

ALFREDO

Claro, que não! É de se emocionar! Mas de repente ela vai embora...

ZÉLIA

Não se preocupe! No momento oportuno, ela voltará!

ALFREDO

E agora, Zélia? O que você acha que devemos fazer?

ZÉLIA

Temos que deixar as coisas acontecerem naturalmente! Segundo a vontade de Deus... E o que você está vendo não tem nada de extraordinário! Tudo acontece naturalmente!

ALFREDO

Mas para mim, é mais que extraordinário! Eu nunca tinha visto de olhos nus, um espírito!

ZÉLIA

Agora você acredita!?

ALFREDO

Uma prova melhor que esta, é impossível ninguém não acreditar! (Transição). Apartir de hoje, eu não quero perder uma só reunião, lá no centro onde você freqüenta...

ZÉLIA

Fico muito feliz em saber disso! Tenho absoluta certeza que você vai se identificar muito com ambiente!

ALFREDO

(Consigo mesmo). Eu vivi outra vida... Sou pai de uma garota e tive uma mulher chamada Suzy... Isto é maravilhoso, Zélia...

ZÉLIA

Não tenha dúvida disso!

ALFREDO

E você? Sabe quem foi numa vida passada?

ZÉLIA

Não recebi este mérito, ainda! São vontades superiores, Alfredo! Com o tempo, você vai entender o que eu estou querendo dizer...

ALFREDO

Se depender de mim, logo, logo, vou estar pronto! Vou ser um espírita para ninguém botar defeito! Vou estudar muito!

ZÉLIA

É por aí mesmo! (Transição). Bom, eu vou deixa-lo! Se precisar que eu durma aqui esta noite...

ALFREDO

Precisar?! Claro, que eu vou... (Transição). Não vai haver algum problema? Esse vizinhos...

ZÉLIA

A Ciscy é mais importante! A noite estarei aqui!

ALFREDO

Até lá... (Abre a porta e a Zélia sai. O professor fecha a porta e fica encostado atrás. A iluminação vai diminuindo em resistência gradativamente até ficar totalmente escuro, para a mudança de posição de móveis, dando idéia que já se passou algum tempo. A iluminação vai clareando em resistência. A campainha toca, mas ninguém atende. A campainha insiste. A pessoa que está no lado de fora abre a porta).

ZÉLIA

Alfredo... Alfredo... (Transição). Onde será que ele está? Engraçado! A porta está só trinco! Será que ele deu uma saída? (A porta fecha bruscamente, seguido de sonoplastia. A Zélia se assusta). Ai, que susto... (A sonoplastia libera a ventania lenta e o lustre balança). Ciscy, é você? Quem está aí? (Entra o professor Alfredo, vindo da rua. Abre a porta. Trás nas mãos, um toca-fitas portátil).

ALFREDO

Eu ouvi a porta fechando bruscamente e pensei...

ZÉLIA

Pensou que fosse ladrão!

ALFREDO

Pensei, sim... Vim pra cá correndo! (Transição). E a palestra dessa semana, como foi?

ZÉLIA

Sensacional! E aí, trouxe as fitas?

ALFREDO

Olhe aqui... Eu trouxe tudo! (Coloca uma fita e a sonoplastia libera uma música suave).

ZÉLIA

Vamos começar o trabalho! Agora vamos relaxar! Concentre-se! Precisamos de muita concentração!

ALFREDO

Estou me concentrando... (A sonoplastia libera uma ventania lenta e o lustre balança).

ZÉLIA

Estou sentindo a presença de alguém! Provavelmente seja a Ciscy!

ALFREDO

Estou sentindo minhas mãos ficarem dormentes!

ZÉLIA

Deixe a música envolver dentro de você! Escute a música e relaxe!

ALFREDO

Isso nunca me aconteceu! Acho que não é a Ciscy! Eu estou me sentindo muito mal...

ZÉLIA

Relaxe!

ALFREDO

Eu não estou conseguindo relaxar! É algo muito forte! (O professor baixa a cabeça e a ventania aumenta. Algumas cadeiras se afastam do lugar e a mesa treme. A iluminação e a sonoplastia também acompanham com efeitos apropriados).

ZÉLIA

É a Ciscy?

ALFREDO

(Com a voz estranha). Não...

ZÉLIA

Então está querendo se comunicar, meu irmão? Seja bem vindo!

ALFREDO

(Com raiva e com feição diferente). Afaste-se daqui! A garota é minha!

ZÉLIA

Que garota você está falando?

ALFREDO

Não se faça de desentendida! Você sabe muito bem de quem eu estou falando!

ZÉLIA

Você está se referindo à Ciscy?!

ALFREDO

Eu já falei que ela é minha! Vá embora!

ZÉLIA

Deixe a Ciscy em paz!

ALFREDO

Desapareça desta casa! Você e seu amiguinho! Eu não estou brincando!

ZÉLIA

O que você quer com a Ciscy?

ALFREDO

Eu já lhe falei, que você fosse embora daqui! Quem vai sofrer as conseqüências, é ela!

ZÉLIA

(Amável). Não faça isso!

ALFREDO

Vá embora ou eu vou acabar com você também!

ZÉLIA

Não vejo motivos para você querer fazer isso! Nós só estamos querendo lhe ajudar!

ALFREDO

Ajudar a quem? A Ciscy? (Dá uma gargalhada sarcástica).

ZÉLIA

Agora, a vocês dois...

ALFREDO

(Revoltado). Me ajudar... Vocês são uma piada! Só pode ser uma piada!

ZÉLIA

Não é piada não! Você precisa se convencer, que a Ciscy também não pertence mais a este mundo terreno e precisa evoluir... Tanto, quanto você! Se você deixa-la evoluir, com certeza, você também será recompensado! (Transição). Veja bem... Não é prejudicando o próximo que adquirimos o que queremos! Você precisa se libertar! Você precisa arrancar este ódio que tá aí, dentro de você...

ALFREDO

Eu não quero ouvir mais nada...

ZÉLIA

Aprenda à amar! Com o amor, você chega onde quer chegar!

ALFREDO

(Gritando, dá um murro na mesa). Chega! Vocês são imundos! (Cospe em cima da mesa). Um bando de hipócritas, mesquinhos e falsos! Eu estou neste lugar, onde a lama dar na canela! Estou ouvindo gritos horrorosos e rangeres de dentes... E agora, vocês falam de amor? (Dá uma gargalhada). Eu sou um lixo! Sem futuro! Enquanto vocês estão sorrindo, eu estou aqui, amargando neste lugar sombrio, onde as trevas falam mais alto! (Transição). Eu não valho nada...

ZÉLIA

Mas você está neste lugar, porque você quer! Tire do seu coração este ódio, este rancor! Venha praticar o bem, como nós praticamos! Deixe a Ciscy em paz!

ALFREDO

Ela é minha! Eu já disse, que ela é minha!

ZÉLIA

Ninguém é de ninguém, meu irmão!

ALFREDO

Não se atreva a afasta-la de mim...

ZÉLIA

Ninguém vai afasta-la de você! Queremos que você se junte a nós e venha ser feliz também! Deixe a gente lhe ajudar!

ALFREDO

Eu não preciso de ajuda!

ZÉLIA

Todos nós precisamos de ajuda! A Ciscy precisa evoluir também e se você não deixar isto acontecer, você não vai sair deste lugar sombrio! É você que tem que se convencer, que precisa de uma evolução! Faça o que eu estou dizendo... Esqueça o ódio e lembre da fonte maior do amor que é Jesus Cristo! Vamos aprender a amar!

ALFREDO

Eu não gosto desse lugar!

ZÉLIA

Então faça o que eu estou dizendo!

ALFREDO

E se eu fizer? Eu vou ser feliz também?

ZÉLIA

Claro, que sim...

ALFREDO

Eu confiar em você! Tudo bem, eu aceito! E o que eu devo fazer para ajudar?

ZÉLIA

Ame! Como Jesus amou à todos nós! Nossos irmãos de luz estão lhe esperando, para um tratamento e um orientação... (Pausa. Liberta o corpo de Alfredo). Graças à Deus...

ALFREDO

(Voltando a si). O que foi que aconteceu?

ZÉLIA

Acabamos de doutrinar mais um irmão confuso!

ALFREDO

Graças à Deus...

ZÉLIA

Graças à Deus mesmo! Os mentores espirituais já o levaram para o tratamento... A Ciscy até agora não deu notícia...

ALFREDO

Será que ela reencarnou?

ZÉLIA

Acho que não! Bom, já tá ficando tarde demais! Vou pra minha casa! Até amanhã... Amanhã logo cedo estarei aqui! (Abre a porta).

ALFREDO

Estarei esperando! (Transição). Zélia... Eu pensei bem... Já faz tanto tempo que a gente já se conhece! O que você acha da gente começar um namoro... Sei lá...

ZÉLIA

Eu acho uma boa... Amanhã a gente conversa mais a respeito... (A Zélia, beija o Alfredo ardentemente e sai de cena. O professor fecha a porta e fica pensativo e sai em direção ao quarto, dando de cara com a Suzy, boneca da Ciscy, no chão). O que é isso? (Transição). Meu Deus! É a boneca da Ciscy! Onde ela está? Ciscy... Onde está você?

CISCY

Alfredo... (Só a sonoplastia). Você achou a minha boneca, não foi?

ALFREDO

(Emocionado). Foi sim, Ciscy! Ela está! (Transição). Mas por que você não apareceu mais? A Zélia vai ficar muito feliz, quando souber...

CISCY

Você tá namorando com ela...

ALFREDO

(Admirado). Como você sabe?

CISCY

Eu vi...

ALFREDO

Você viu o que?

CISCY

Quando ela lhe beijou na sua boca! (A Ciscy dessa vez, não aparece totalmente materializada. Se houver recursos para se fazer uma materialização imperfeita, ótimo; mas, se não houver, poderá se fazer um efeito de luz, dando idéia).

ALFREDO

Realmente, começamos à namorar hoje!

CISCY

Eu sei...

ALFREDO

Eu não estou lhe vendo nitidamente!

CISCY

(Com desdém). Você guarda a Suzy pra mim?

ALFREDO

Eu já guardei! Ela está aqui!

CISCY

Eu não posso mais ficar com ela! Você guarda ela para mim?

ALFREDO

Claro! (Transição). Mas você sempre deixa dúvidas!

CISCY

Os mentores disseram, que a Zélia era a minha mãe?

ALFREDO

(De salto). O que? A sua mãe? A Suzy?

CISCY

Sim... E disse que você vai casar com ela de novo! E eu vou ser a filha de vocês novamente!

ALFREDO

(Emocionado). É verdade isso, que você está me falando, Ciscy?

CISCY

É, sim... Eu vou amar vocês dois assim quando eu chegar! Guarde a minha boneca... (A sonoplastia libera uma ventania lenta e a Ciscy desaparece. Transição chora emocionado). Ciscy! Não vá embora! Eu vou guardar a sua boneca, minha filha! (Chora mais ainda). Muito obrigado, meu Deus... (As luzes vão se apagando em resistência. O galo canta. Entra Zélia vindo da cozinha quando de repente o professor Alfredo entra em cena ainda de pijama).

ALFREDO

Ah, Zélia... Tenho muitas novidades!

ZÉLIA

É bom que sejam boas! Não consegui dormir à noite inteira! Acordei apavorada! Alfredo, ei tive um sonho muito estranho!

ALFREDO

Que sonho!

ZÉLIA

Eu sonhei que era a sua esposa em vidas passadas!

ALFREDO

E era mesmo!

ZÉLIA

(Espantada). Era? Por que você está falando assim?

ALFREDO

Coincidência! Pra você ver, como é o arrumadinho da vida! Você realmente era a minha esposa na encarnação passada! Zélia, você era a Suzy...

ZÉLIA

O que? Que loucura é esta, Alfredo?! Vamos, homem... Responda! Você está me deixando nervosa!

ALFREDO

(Escondendo a boneca atrás das mãos). Você sabe o que é isto?

CISCY

(De salto). A boneca da Ciscy! Que maravilha, Alfredo!

ALFREDO

É maravilhoso mesmo! Ela teve aqui, ontem à noite, logo após a sua saída! Foi ela quem me deu a informação! Disse que foram os mentores que falaram pra ela! Eu só consegui vê-la através de uma sombra!

ZÉLIA

(Espantada). Que coisa mais impressionante!

ALFREDO

O mais impressionante ainda não é isto! Ela disse que nós íamos nos casar e ela ia ser nossa filha novamente! Zélia, minha querida... Você não calcula a alegria que estou sentindo neste momento!

ZÉLIA

(Chora emocionada). Meu Deus... Muito obrigado! Os nosso irmãos de luz, cuidaram direitinho de nos unirmos novamente! Eu acho que eles só estão esperando... (A sonoplastia libera o som de ventania lenta. O professor Alfredo e a Zélia, se abraçam, segurando a boneca da Ciscy. Ficam parados. A sonoplastia libera a valsa nupcial e um choro de criança. As luzes se apagam, chegando o fim da peça “CISCY”).

(FIM).

PEÇA: CISCY

AUTOR: FLÁVIO CAVALCANTE

MÊS: AGOSTO

ANO: 1995

OBS: Todo trabalho, desenvolvido por este autor, é totalmente fruto da imaginação; porém, qualquer semelhança é mera coincidência.

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 25/03/2009
Reeditado em 25/03/2009
Código do texto: T1505504
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