O Perfume - Patrick Süskind
Patrick Süskind, um alemão da Baviera, escreveu O Perfume em 1985. Em 2006 foi adaptado para o cinema. Depois de lançar esse livro, considerado por muitos críticos e leitores um dos mais significativos da década de 80, Süskind saiu do anonimato para o estrelato e marcou a literatura européia com sua habilidade em descrever a sociedade do período retratado e manter o suspense e a imprevisibilidade sem se tornar pedante.
A estória se passa na França do século XVIII, onde os odores (principalmente os desagradáveis) estavam em evidência. É nesse meio que nasce Jean-Baptiste Grenouille, um homem que desde a sua infância apresentou uma enorme facilidade em sentir aromas e separá-los de forma sistemática em sua memória. Apesar disso, Grenouille não possui odor próprio e isso o mantém em uma constante frustração. Órfão desde o início da vida e sempre rejeitado e maltratado, ele acaba se transformando em um misantropo e fica cada vez mais absorto na sua incomum habilidade olfativa, saindo do fanatismo para a insanidade.
Essa loucura é concretizada quando Grenouille começa a matar belas jovens virgens para criar o “Perfume perfeito”, que supostamente iria compensar sua falta de odor próprio. Depois de vários assassinatos, ele consegue criar a fatídica fragrância. Esse perfume é tão bom que faz quem o sentir ter uma excitação incontrolável.
Süskind cria uma obra que apresenta, especialmente através dos odores, a sociedade francesa do século XVIII. O livro, apesar do tema difícil de descrever (cheiros), não se torna enfadonho, e isso se vale maiormente pela capacidade do autor em conduzir a narrativa e a tornar acessível e prazerosa de ler.
O Perfume é um livro louvável, onde a verossimilhança histórica e a crítica social também estão presentes, além de fazer os leitores lembrarem que a obsessão só leva ao delírio. Patrick Süskind criou uma obra digna de ser lida e relembrada, um marco na literatura que precisa ser reconhecido.