RATO, de Luís Capucho
Rato é um livro podre. É o tipo de livro que não merecia nem mesmo existir, quanto mais ser lido. Basicamente conta a história sem graça de um veadinho pobre e maconheiro. Antes de me acusarem de homofóbico, digo que se o personagem principal fosse uma mulher seria a história sem graça de uma putinha pobre e maconheira.
Extravasar a sexualidade reprimida do personagem (e talvez do autor) parece ser o único motivo para se escrever uma coisa tão ruim. Não sou contra literatura que fale de sexo, de opção sexual, de relacionamentos homoafetivos, mas sou totalmente contra a má literatura, aquela escrita para mostrar um trecho biográfico da vida de alguém que não interessa a ninguém além do autor. Um grande escritor já disse certa vez em uma palestra sobre escrita que a maioria das nossas vidas são muito medíocres para virarem livro. Nós é que fantasiamos sermos os atores principais de um filme campeão de bilheterias. Mas não. Nem todos tem uma vida interessante para os outros. E principalmente, nem todos conseguem transformar uma vida não interessante em algo interessante de se ler. Rato de Luís Capucho é a prova disso.
Já li autores homosexuais que sabem realmente o que significa escrever. Talento não tem nada a ver com a opção sexual. Santiago Nazarian é excelente, Thomas Mann é um artista das palavras, somente para citar alguns bons exemplos de memória. Mas escrever somente para contar suas experiências sexuais é querer vender um folhetim de sacanagem. Rato é a versão gay de O Doce Veneno do Escorpião da prostituta Bruna Surfistinha. Ambos talvez vendam muito - cada um atraíndo o seu público específico ou pobres desavisados como eu - mas não significa que são (boa) literatura. Ao contrário, mostram o nível que chegamos ao publicar algo tão inútil como literatura contemporânea. Rato não serve nem como referência de boa literatura GLS. Dá pena perceber os rumos que estão sendo tomados pelas editoras e seus pseudo escritores.
Não vale a pena comentar a história do livro, nem citar trechos, nem tentar fazer alguma reflexão psicológica ou filosófica da trama, pois seria forçar demais para sair algo onde não há. Pena este livro medíocre estar concorrendo na Copa de Literatura Brasileira 2008, pois acredito que há autores melhores, com mais arte e que poderiam ocupar merecidamente o seu lugar. Um título melhor para o livro seria Cabeça-de-porco, pois Rato acaba soando falsamente com um certo mistério, perigo ou irreverência. Cabeça-de-porco também deveria ser o elogio aplicado aos que gostaram do livro. Quem leu o livro não considerará isso uma ofensa, apesar de ser.
Este é um forte candidato ao pior livro lido em 2008, talvez até da década. Para os que necessitam de uma segunda opinião ou me acham muito radical, recomendo assitirem a entrevista em 3 partes no Youtube onde o autor fala sobre o livro e tirarem as suas próprias conclusões. Já ler o livro não recomendo nem aos meus inimigos.
Retirado de www.jefferson.blog.br