Olho de Rei
Deliciei-me nestas férias com o romance “Olho de Rei”, de Edgard Telles Ribeiro, lançado recentemente pela Record. Jornalista, diplomata de carreira, cineasta e professor de cinema, Edgard está no terceiro romance, tendo também publicado dois livros de contos.
Não vou aqui fazer uma crítica do livro, tarefa para a qual não me sinto habilitado. Estou apenas sugerindo que o leiam, porque é muito bom. Embora desça a grandes profundidades em sua auto-análise, o personagem central Jean Lafitte ( “narrador” da história), é construído dentro de uma linguagem e uma atmosfera fascinantes, tornando a leitura do livro um prazer do início ao fim.
“Olho de Rei” conta a trajetória de um francês membro da resistência à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Fugindo dos nazistas, ele chega ao Brasil dos anos 40 e passa aqui por várias peripécias amorosas, existenciais e profissionais, até se mudar para o Equador e a Guatemala, voltando depois à França com o propósito de fazer um balanço de sua vida. De forma engenhosa e convincente, Edgard atribui a Lafitte a condição de pai do escritor, o que dá enorme carga emocional ao romance. De quebra, nos fornece um painel cultural, social e político do Rio e do Brasil dos anos 40 e 50.
Conheci Edgard há mais de 20 anos, durante uma das matérias de cinema que fiz na Universidade de Brasília (UnB), como parte do curso de Comunicação. Aprendi muito com suas aulas, que ampliaram sensivelmente minha percepção de cinema e minha visão de mundo. Sou grato até hoje por esse período, o que pude expressar a ele pessoalmente quando do lançamento do “Olho de Rei” em Brasília. Confiram!
Abaixo, algumas matérias sobre o livro:
Isto é Gente
Romance
Olho de Rei
Edgard Telles Ribeiro surpreende ao narrar em dois planos história fictícia de francês que se refugiou no Brasil
Depois de levar o terceiro lugar do Prêmio Portugal Telecom deste ano com os contos de Histórias Mirabolantes de Amores Clandestinos, o escritor, diplomata e jornalista Edgard Telles Ribeiro surpreende com Olho de Rei (Record, 272 págs., R$ 32,90), seu quarto romance, escrito em primeira pessoa. O narrador fictício baseia-se em 117 cadernos escritos por seu pai, Jean Lafitte, um francês que fugiu do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e encontrou pouso por três décadas no Brasil.
O personagem Jean Lafitte desembarcou no Rio de Janeiro ao som de “Mamãe eu Quero”, em pleno Carnaval de 1942. Foi roubado na primeira noite, viveu de subempregos e se apaixonou diversas vezes até montar um restaurante e se casar com Lídia, mãe do narrador. Grande parte dos registros de Olho de Rei se refere a 12 anos de sua estada no Brasil e prende o leitor pela imprevisibilidade dos fatos e pela ágil narração.
As memórias de sons e cheiros, definidos como “parâmetros da paixão”, são marcantes, e a descrição minuciosa, quase cinematográfica, dos episódios dão uma boa idéia do cenário carioca das décadas de 50 e 60. Construído em dois planos, Olho de Rei cobre os últimos anos de Lafitte, vividos em Marselha, e lembranças aleatórias de sua intensa existência, marcada pelos fantasmas da guerra e por mulheres, ainda que faça poucas referências às suas duas outras esposas, com quem viveu no Equador e na Guatemalla.
Cultura Hoje
Edgard Telles Ribeiro, premiado autor de O livro das pequenas infidelidades, O manuscrito e No coração da floresta, lança seu mais recente livro Olho de rei, no restaurante Carpe Diem. Neste livro de memórias inventadas, acompanhamos as saborosas e picarescas aventuras de um personagem fantástico, além de conhecer um pouco mais do Brasil e da França das décadas de 1950 e 1960. Depois de explodir um tanque de guerra, o francês Jean Lafitte decide fugir rumo à América do Sul para escapar da perseguição nazista. No Brasil, ele se torna garçom, depois contrabandista, cabeleireiro, camareiro de um senador até abrir o bar Jean Lafitte.