A FORÇA DA SOBREVIVÊNCIA - Fausto Marioni
Autor: FAUSTO MARIONI
Ano: 2000
Este livro, auto-biográfico, narra a comovente estória de um soldado:
Fausto Marioni, testemunha viva dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Uma triste estória que começa em setembro de 1941, quando Fausto deixa sua cidade Forni di Sotto para incorporar-se ao Exército Italiano, sediado em Torino. Depois do treinamento partem, passando por Veneza e Trieste.
De navio, seguem para o front: Yugoslávia. Passam por Zara, Sebenik, Spalato, e desembarcam em Cattaro. Nesse ínterim, no Mar Adriático já pressentem os perigos da guerra, quando um submarino alemão dispara, e quase detona o navio. Ao chegarem à Albânia, armadilhas os aguardavam em Skutari. Logo foram alvo da hostilidade do povo yugoslavo, que se armara contra nazistas e facistas.
Em outubro de 1943, dois anos depois de se ocupar ajudando o exército em serviços leves, de cozinha e no conserto de estradas, a Itália assina o ‘Armistício’.
Este momento ‘decisivo’ para os italianos, deveria ser o fim da guerra. Mas, aí começou o verdadeiro pesadelo: os nazistas capturaram todos os italianos que se encontravam combatendo no front, e mataram muitos impiedosamente.
O grupo de Fausto: Comando TAPPA, tornou-se prisioneiro do exército alemão na Albânia. Convocados para o trabalho braçal no conserto de estradas, de dia e de noite, num regime cruel passando fome, na chuva, tratados como escravos, pior que bóias-frias. Passam por Binilisht – Puka, Prizren. Muitos se rebelaram. Fausto assistiu com infinita tristeza amigos sendo fuzilados. Em Skopje: todos foram amontoados em vagões uns sobre os outros. Partem para Prístina, depois Pec, Titograd, e Raska. Sempre carregando e descarregando munição pesada e armas nos trens e caminhões. Longos percursos em condições desumanas, consertando estradas bombardeadas.
Todas as cidades e aldeias estavam em ruínas, incendiadas e desertas. Fausto testemunhou muita desgraça e desolação trazidas pela guerra. Partiram para Visegrad, Sarajevo, e Mostar, num inverno de muito frio e neve. Para se proteger carregavam nas costas as barracas de lona que usavam para dormir, e andavam de 40 a 50 km a pé, diariamente. Os que não agüentavam simplesmente eram abandonados no caminho. Os italianos mais pareciam mendigos miseráveis, mortos de fome, e tratados como gado.
De trem, foram para Spalato (Split), no Mar Adriático, cidade que pertencia às colônias italianas da Dalmácia, e que Fausto havia conhecido anteriormente. Já estavam na primavera de 1944, e o Porto sofria bombardeios diários e pavorosos!
Devido ao Armistício, italianos e yugoslavos agruparam-se: formaram os ‘Partisans’, no intuito de se defender dos terríveis nazistas. Os alemães, em represália, destruíam tudo que vinha pela frente, casas, campos, plantações, tudo, era arrasador.
Eles partem para Sebenik, Bos-Novi, Bani-Luka, e vão até Doboj, sempre em kilometros de caminhadas a pé feito escravos, a socos e pontapés. Nos céus aviões de caça russos e ingleses bombardeavam e metralhavam sem trégua. No caminho só restavam ruínas! Os alemães estavam impiedosos e ferozes. Atravessaram toda a Yugoslávia a pé! Dirigem-se para o leste, e chegaram a Belgrado em outubro de 1945. Ali, mais de três mil italianos estavam confinados em um campo de concentração. E, o exército do Marechal Tito lançara um forte contra-ataque sobre os fanáticos nazistas. Era ensurdecedor o bombardeio, e toda a população civil foi arrasada.
Então, os nazistas bateram em retirada, retornando por Novisad, Ilok, Ilacja. Neste caminho Fausto quase morreu de exaustão. Era novembro/1945, e embora oficialmente, a guerra já tivesse terminado, eles nada sabiam. Mergulharam no inferno: alemães patrulhavam, destruíam e incendiavam tudo. Desesperados, Fausto e seu amigo Rino conseguiram fugir. Uma família os acolheu, em Ilacja.
Mas, subitamente, foram capturados pelos russos que agora lutavam para a retomada da Yugoslavia. Foram feitos prisioneiros, novamente. E, por pouco não foram fuzilados. Agora, de carroça, foram até Kula e Sabotika, e Ilok, cruzando campos minados, vendo destruição e miséria pelo caminho, num frio de 25 graus abaixo de zero. Partiram para Vukovac, e na primavera (1946), em meio à confusão dos exércitos yugoslavo e russo avançando, Fausto migrou para o lado yugoslavo, pois felizmente conhecia o idioma.
Avançaram, para o norte: Pakrac.. Com cuidado, Fausto organizou um grupo de músicos italianos, tirando-os do front. Passaram pela Croácia e chegaram a Zagreb em abril de 1946. Neste lugar, todos os italianos se reencontraram: a chamada Divisão Itália. Depois de Zagreb passaram por Celje, abarrotada de mortos e carcaças de material bélico abandonado pelos nazistas. Viram o extermínio dos súditos de Hitler.
Em marcha para Trieste continuavam prisioneiros dos russos, que agora duramente os vigiavam. Novamente, uma única saída: a fuga. Então, eles criaram forças e coragem, e na chegada a Trieste fugiram para a Itália.
Os soldados sobreviventes despediram-se em Monfalcone, retornando finalmente a seus lares, após 5 anos, três meses e 21 dias desperdiçados numa guerra insana: em 06.junho.1946.
Após a II Guerra Mundial, o ex-combatente e autor deste livro Fausto Marioni, emigrou da Itália para o Brasil, onde reconstruiu a sua vida.
Um relato corajoso, numa linguagem simples, bastante acessível, sem ranços de vingança, um exemplo de vida.
Editora e Gráfica Odorizzi Ltda.
P.S.: Fausto Marioni faleceu em 17 de julho de 2009.
Autor: FAUSTO MARIONI
Ano: 2000
Este livro, auto-biográfico, narra a comovente estória de um soldado:
Fausto Marioni, testemunha viva dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Uma triste estória que começa em setembro de 1941, quando Fausto deixa sua cidade Forni di Sotto para incorporar-se ao Exército Italiano, sediado em Torino. Depois do treinamento partem, passando por Veneza e Trieste.
De navio, seguem para o front: Yugoslávia. Passam por Zara, Sebenik, Spalato, e desembarcam em Cattaro. Nesse ínterim, no Mar Adriático já pressentem os perigos da guerra, quando um submarino alemão dispara, e quase detona o navio. Ao chegarem à Albânia, armadilhas os aguardavam em Skutari. Logo foram alvo da hostilidade do povo yugoslavo, que se armara contra nazistas e facistas.
Em outubro de 1943, dois anos depois de se ocupar ajudando o exército em serviços leves, de cozinha e no conserto de estradas, a Itália assina o ‘Armistício’.
Este momento ‘decisivo’ para os italianos, deveria ser o fim da guerra. Mas, aí começou o verdadeiro pesadelo: os nazistas capturaram todos os italianos que se encontravam combatendo no front, e mataram muitos impiedosamente.
O grupo de Fausto: Comando TAPPA, tornou-se prisioneiro do exército alemão na Albânia. Convocados para o trabalho braçal no conserto de estradas, de dia e de noite, num regime cruel passando fome, na chuva, tratados como escravos, pior que bóias-frias. Passam por Binilisht – Puka, Prizren. Muitos se rebelaram. Fausto assistiu com infinita tristeza amigos sendo fuzilados. Em Skopje: todos foram amontoados em vagões uns sobre os outros. Partem para Prístina, depois Pec, Titograd, e Raska. Sempre carregando e descarregando munição pesada e armas nos trens e caminhões. Longos percursos em condições desumanas, consertando estradas bombardeadas.
Todas as cidades e aldeias estavam em ruínas, incendiadas e desertas. Fausto testemunhou muita desgraça e desolação trazidas pela guerra. Partiram para Visegrad, Sarajevo, e Mostar, num inverno de muito frio e neve. Para se proteger carregavam nas costas as barracas de lona que usavam para dormir, e andavam de 40 a 50 km a pé, diariamente. Os que não agüentavam simplesmente eram abandonados no caminho. Os italianos mais pareciam mendigos miseráveis, mortos de fome, e tratados como gado.
De trem, foram para Spalato (Split), no Mar Adriático, cidade que pertencia às colônias italianas da Dalmácia, e que Fausto havia conhecido anteriormente. Já estavam na primavera de 1944, e o Porto sofria bombardeios diários e pavorosos!
Devido ao Armistício, italianos e yugoslavos agruparam-se: formaram os ‘Partisans’, no intuito de se defender dos terríveis nazistas. Os alemães, em represália, destruíam tudo que vinha pela frente, casas, campos, plantações, tudo, era arrasador.
Eles partem para Sebenik, Bos-Novi, Bani-Luka, e vão até Doboj, sempre em kilometros de caminhadas a pé feito escravos, a socos e pontapés. Nos céus aviões de caça russos e ingleses bombardeavam e metralhavam sem trégua. No caminho só restavam ruínas! Os alemães estavam impiedosos e ferozes. Atravessaram toda a Yugoslávia a pé! Dirigem-se para o leste, e chegaram a Belgrado em outubro de 1945. Ali, mais de três mil italianos estavam confinados em um campo de concentração. E, o exército do Marechal Tito lançara um forte contra-ataque sobre os fanáticos nazistas. Era ensurdecedor o bombardeio, e toda a população civil foi arrasada.
Então, os nazistas bateram em retirada, retornando por Novisad, Ilok, Ilacja. Neste caminho Fausto quase morreu de exaustão. Era novembro/1945, e embora oficialmente, a guerra já tivesse terminado, eles nada sabiam. Mergulharam no inferno: alemães patrulhavam, destruíam e incendiavam tudo. Desesperados, Fausto e seu amigo Rino conseguiram fugir. Uma família os acolheu, em Ilacja.
Mas, subitamente, foram capturados pelos russos que agora lutavam para a retomada da Yugoslavia. Foram feitos prisioneiros, novamente. E, por pouco não foram fuzilados. Agora, de carroça, foram até Kula e Sabotika, e Ilok, cruzando campos minados, vendo destruição e miséria pelo caminho, num frio de 25 graus abaixo de zero. Partiram para Vukovac, e na primavera (1946), em meio à confusão dos exércitos yugoslavo e russo avançando, Fausto migrou para o lado yugoslavo, pois felizmente conhecia o idioma.
Avançaram, para o norte: Pakrac.. Com cuidado, Fausto organizou um grupo de músicos italianos, tirando-os do front. Passaram pela Croácia e chegaram a Zagreb em abril de 1946. Neste lugar, todos os italianos se reencontraram: a chamada Divisão Itália. Depois de Zagreb passaram por Celje, abarrotada de mortos e carcaças de material bélico abandonado pelos nazistas. Viram o extermínio dos súditos de Hitler.
Em marcha para Trieste continuavam prisioneiros dos russos, que agora duramente os vigiavam. Novamente, uma única saída: a fuga. Então, eles criaram forças e coragem, e na chegada a Trieste fugiram para a Itália.
Os soldados sobreviventes despediram-se em Monfalcone, retornando finalmente a seus lares, após 5 anos, três meses e 21 dias desperdiçados numa guerra insana: em 06.junho.1946.
Após a II Guerra Mundial, o ex-combatente e autor deste livro Fausto Marioni, emigrou da Itália para o Brasil, onde reconstruiu a sua vida.
Um relato corajoso, numa linguagem simples, bastante acessível, sem ranços de vingança, um exemplo de vida.
Editora e Gráfica Odorizzi Ltda.
P.S.: Fausto Marioni faleceu em 17 de julho de 2009.